Iris e Daniel isolam Mendanha para abrir o MDB para Caiado
As movimentações de Gustavo Mendanha a fim de levar o MDB para o campo oposicionista nas eleições de 2022, com acertos envolvendo PSDB, Republicanos, Progressistas, Patriota e PSL, acabaram gerando efeito contrário e isolaram o prefeito de Aparecida, enfraquecendo sua liderança e esvaziando seus projetos políticos pessoais.
Do outro lado, o ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende e o ex-deputado federal Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, acertam o passo no sentido de aproximar o partido do DEM do governador Ronaldo Caiado. As conversas entre os líderes do MDB e o Palácio das Esmeraldas sinalizam a possibilidade de o partido figurar com candidato ao Senado – Iris ou Daniel –, tendo Ronaldo Caiado como concorrente a um novo mandato ao governo de Goiás.
Mendanha, cada vez mais sozinho no MDB goiano, intensifica os contatos com o PSDB do ex-governador Marconi Perillo, o Patriota de Jânio Darrot e de Jorcelino Braga e com o PSL do Delegado Waldir. A obsessão de Mendanha é a de estimular o lançamento de uma chapa majoritária (governador e senador) para enfrentar Ronaldo Caiado, mesmo ciente dos elevados índices de aprovação popular do governador.
As ambições políticas do jovem e imaturo prefeito de Aparecida o levam, inclusive, à prática de irregularidades e ilegalidades no exercício do cargo, como se deslocar para o interior do Estado para contatos políticos com lideranças em pleno horário de expediente administrativo. Nas conversas que teve com Iris Rezende, Gustavo Mendanha recebeu um conselho que o desagradou: deixar suas pretensões de concorrer ao Palácio das Esmeraldas para as eleições de 2026, uma vez que Ronaldo Caiado é favorito para conquistar novo mandato de governador em 2022.
Mas, mesmo contra as posições de Iris e Daniel, Mendanha insiste em expor o MDB e, mais que isso, tornar pública uma nova divisão interna no partido. Ele sabe que a maioria dos 29 prefeitos do MDB defende a reeleição do governador Ronaldo Caiado e a presença de Daniel Vilela na chapa majoritária (vice-governador ou senador) ou mesmo como candidato à Câmara Federal.
Em Anápolis, por exemplo, Mendanha ouviu dos vereadores e lideranças do MDB que o mais recomendável é o prefeito de Aparecida concluir seu mandato e não levar o partido a uma nova aventura eleitoral majoritária em 2022. Anápolis se rivaliza com Aparecida tanto na política quanto na economia e não quer abrir espaço para a ascensão política dos seguidores de Maguito Vilela, principalmente em relação à conquista do Palácio das Esmeraldas.
Projeto do prefeito é usar Aparecida para tentar estadualizar o seu nome
Sem a presença de um conselheiro político experiente em Aparecida desde a morte do ex-prefeito Maguito Vilela e do ex-deputado estadual Léo Mendanha, o prefeito Gustavo Mendanha age de forma isolada, alimenta sua vaidade pessoal e não ouve ninguém antes de externar suas opiniões, o que tem provocado prejuízos ao MDB da cidade e do Estado.
Enquanto Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, reprova qualquer aliança com o PSDB marconista, Mendanha estreita a relação política com os tucanos, ao ponto de nomear o presidente do partido em Aparecida, Vanilson Bueno, como secretário de Ação Integrada.
Segundo revelam vereadores e secretários, o prefeito mantém frequente interlocução com Marconi, mesmo sabendo da alta rejeição que o ex-governador desfruta junto aos eleitorados aparecidense e goiano. Analistas políticos experientes dizem que o “objeto de desejo” de Gustavo Mendanha é impor suas vontades pessoais e colocar-se como opositor do governador Ronaldo Caiado, nem que para isso provoque prejuízos ao MDB e contrarie Iris e Daniel.
O prefeito emedebista faz “vistas grossas” à empatia e simpatia que a maioria esmagadora dos 550 mil habitantes de Aparecida nutre pelo governador Ronaldo Caiado. Após conquistar vitória expressiva nas urnas de 2018 em Aparecida, batendo Daniel Vilela (MDB) e José Eliton (PSDB), Caiado segue com aprovação nas alturas junto aos diversos segmentos da sociedade aparecidense.
O “ressentimento” de Mendanha em relação a Caiado ocorre pelo comportamento partidário adotado pelo governador ao apoiar um aliado, no caso, uma aliada, Márcia Caldas (Avante), na disputa pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia no ano passado. Mesmo com o resultado esmagadoramente favorável, já que não houve praticamente campanha da oposição, o espírito de “vingança” de Mendanha ainda perdura.
O prefeito de Aparecida sabe que sua chance de conquistar espaço no MDB para a eleição majoritária em 2022 é igual a zero, mas ele insiste em misturar “política com administração”, deixando, por exemplo, de cumprir o plano de governo apresentado durante a campanha eleitoral de 2020.
O MDB, por seus núcleos decisórios – executiva estadual, ex-governadores, deputados estaduais e prefeitos –, não quer a candidatura própria ao Palácio das Esmeraldas e sinaliza aliança com o DEM caiadista, figurando com candidatura ao Senado da República. O nome? Pode ser de Iris Rezende ou de Daniel Vilela. Mas o verdoengo prefeito de Aparecida insiste com suas teses divisionistas, ou seja, pregando união com adversários históricos do MDB, como o PSDB marconista.