Falta de quociente eleitoral e ficha suja inviabilizam Marconi para 2022
Paulistano e distante dos holofotes desde a derrota para Jorge Kajuru e Vanderlan Cardoso, na disputa pelo Senado em 2018, e também depois do naufrágio da candidatura de José Eliton ao governo do Estado, o ex-governador Marconi Perillo acaba de se lançar candidato a deputado federal com vistas ao pleito de 2022. A decisão foi anunciada durante reunião da cúpula estadual do partido nesta segunda-feira, 1º de fevereiro, na sede da sigla no Setor Sul, em Goiânia, com pouquíssimos participantes.
Pelo longo tempo que comandou a política em Goiás (1999–2018), quatro mandatos de governador e quatro anos como senador (2007– 010), seria natural que se pudesse comparar o desempenho eleitoral de Marconi a comer mamão com açúcar. Afinal de contas ele teve a oportunidade de construir obras, fazer amizades, conquistar e atender a um sem número de amigos durante aqueles 20 anos de poder… só que a coisa não é simples assim.
Da pretensão anunciada na segunda-feira à proclamação do resultado nas urnas de 2022, Marconi trilhará um caminho com mais pedregulhos pontiagudos do que flores e muitas incertezas. A primeira é o aguardado desfecho de uma ação na Justiça Eleitoral em que ele foi condenado em 1ª instância. Caso haja a confirmação da sentença em 2ª instância, o ex-governador estará automaticamente incurso na Lei da Ficha Limpa e, consequentemente, impedido de disputar eleição. Não se deve descartar, também, a possibilidade da ocorrência de outras condenações nas demais ações que tramitam contra ele no Poder Judiciário.
Fora da esfera judicial, o ex-governador terá que conviver com o risco latente da síndrome do candidato que recebe muitos votos e perde a eleição porque o partido não atinge o quociente eleitoral. Há dois exemplos clássicos na história contemporânea do Estado: um, o do o ex-governador Ary Valadão (PDS), em 1986 e, outro, o do radialista Jorge Kajuru, em 2014. Último do ciclo de governadores nomeados do regime militar em Goiás, Ary Valadão perdeu a eleição de deputado federal em 1986, mesmo tendo sido recordista de votos, porque os sufrágios obtidos pelo seu partido na época não atingiram o quociente eleitoral. Jorge Kajuru concorreu para esse mesmo cargo, deputado federal, em 2014, e também não se elegeu, mesmo diante da grande votação que recebeu.
O quociente eleitoral é calculado da seguinte forma: soma-se o número de votos válidos dados na eleição para o mandato em questão, no caso, para deputado federal, e aí se divide pelo número de vagas. O resultado é legenda necessária para aquele determinado cargo. A cada vez que o partido obtiver o número de votos do quociente, dá-se a ele o direito a uma cadeira. Mas se não obtiver a soma de votos do quociente, não terá direito a nenhuma vaga para, mesmo que um dos seus candidatos o mais votado da eleição, o que ocorreu com Ary Valadão e Jorge Kajuru.
O risco que Marconi correrá decorre do fato de que o número de prefeitos eleitos pelo PSDB em 2020, ficou aquém do esperado. O partido enfraqueceu e perdeu suas bases. A maioria das cidades, poucas, onde os tucanos venceram a eleição, são pequenas. Como a atual legislação eleitoral não permite que se façam coligações para a eleição proporcional, isso significa que, para conseguir eleger um ou mais deputados federais, o partido necessitará de muitos votos, mas muitos votos mesmo. Para isso, cada sigla precisará de uma chapa competitiva com vários candidatos buscando votos. O que não parece ser o caso do PSDB.
Por Divino Olávio