Aparecida

Aglomerações espalham COVID-19 em Aparecida

O sistema de escalonamento intermitente do comércio, indústria e serviços por regiões, adotado em Aparecida pelo prefeito Gustavo Mendanha (MDB) na contramão do resto do Estado, provocou grandes aglomerações neste sábado, 20, nos bairros que estão liberados para que lojas e trânsito funcionem livremente.


As fotos são impressionantes. Mesmo assim, Mendanha insiste no modelo que contraria inclusive o fechamento das atividades econômicas não essenciais adotado por Goiânia, cidade com a qual Aparecida divide bairros, ruas, avenidas e linhas comuns do transporte coletivo.


Aparecida está em colapso total do seu sistema de saúde. O prefeito alega que ouviu o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19, que, no entanto, tem maioria de empresários na sua composição e é assistido pelo chamado “corpo técnico” da Secretaria municipal da Saúde, hierarquicamente subordinado a Mendanha.

Outra cidade que tem conexões urbanas estreitas com Goiânia, Trindade, também passou a adotar o escalonamento intermitente por regiões, influenciada pelo mau exemplo de Aparecida, aumentando, assim, o risco de aceleração da pandemia na região metropolitana.

Prefeito de Trindade, Marden Jr (Patriota) afirmou que tomou a decisão depois de ouvir “setores empresariais, religiosos e autoridades e lideranças políticas”, disse, textualmente. Ele não mencionou nenhuma consulta a médicos ou a especialistas da área de Saúde.

Pior: Marden Jr liberou também a realização de cultos e missas, dentro da premissa – impossível de fiscalizar – de que os tempos e igrejas só podem funcionar com 20% da sua capacidade máxima.

Toda a região metropolitana, a mais populosa do Estado, está em dificuldade para atender e tratar pacientes da Covid-19, em especial os que estão em estado grave e necessitam de leitos de UTI. Aparecida, com 600 mil habitantes, com metade das atividades econômicas não essenciais funcionando normalmente todo dia, tem causado preocupação, impedindo que a suspensão do comércio, indústria e serviços, em Goiânia, tenha eficácia máxima.

O prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, se escuda na avaliação de um Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19, que, no entanto, tem maioria de empresários na sua composição e é assistido pelo chamado “corpo técnico” da Secretaria municipal da Saúde, hierarquicamente subordinado a Mendanha.

Um professor de Geografia de 28 anos, internado na UPA do Parque Flamboyant, morreu vitimado pelo novo coronavírus depois de esperar por dias por uma vaga de UTI. Há mais pacientes graves na mesma condição, isto é, aguardando um leito para tratamento especializado, que se esgotaram no município. Todos os sinais apontam para a intensificação da pandemia em Aparecida, que já tem o índice de incidência mais alto do Estado e está assistindo a uma escalada dos casos de infecção.

As fotos dessa reportagem registram imagens na manhã deste sábado, 20, na Avenida Igualdade, no Setor Garavelo, e na feira livre do Setor Cruzeiro do Sul. Acreditem se quiserem, leitores: em Aparecida, até feiras livres estão autorizadas a funcionar, conforme o sistema de escalonamento intermitente por macrozonas. É o que o vírus precisa para se espalhar ainda mais

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