80% do governo e 90% do MDB querem Daniel na chapa de Caiado
À exceção de alguns radicais, a maioria deles sem voto, os grupos ligados ao governador Ronaldo Caiado e ao MDB querem estar juntos novamente em 2022. Depois de décadas se enfrentando, a primeira experiência de parceria entre os dois adversários históricos foi em 2004. Caiado e seu PFL apoiaram Iris Rezende, o que foi decisivo para derrotar o PT em Goiânia e devolver Iris ao cenário após sua estreia dupla em derrotas, 1998 para governador e 2002 para senador, ambas capitaneadas por Ronaldo Caiado.
Em 2008, Caiado indicou o vice de Maguito Vilela em Aparecida. A aliança se repetiu em diversos municípios, inclusive Jataí, terra natal de Maguito, e Cristianópolis, berço de Iris. Em 2010, Caiado preferiu fazer campanha sozinho, correndo o risco de não se reeleger deputado federal. O objetivo era não prejudicar Iris no enfrentamento a Marconi Perillo.
Após todo esse namoro, em 2014 ocorreu o casamento, com Iris governador, Caiado se elegendo senador e Daniel Vilela, filho de Maguito, estreando no Congresso Nacional. Em 2016, Iris estava aposentado como agora. Endereço no exílio: fazenda no Mato Grosso. Recebeu a visita de Caiado, que o convenceu a voltar à política. O retorno foi triunfal: fênix trazida à vida por Ronaldo Caiado, Iris derrotou Vanderlan Cardoso, tão fiel a Marconi à época como hoje o é a Caiado.
Em 2018, Daniel e Caiado concorreram ao governo, deixando o PSDB em 3° para governo e 5° para Senado. Em 2020, Iris se aposentou novamente e preferiu ficar fora da disputa pela própria sucessão. O candidato do MDB, ao arrepio da vontade de Iris, foi Maguito. Parte da equipe de Iris, como Agenor Mariano e Paulo Ortegal, ficou com Maguito. Iris conservou-se sobre o muro das lamentações. E aí veio a tragédia, a indesejada das gentes.
O sofrimento de Maguito uniu Goiás em orações e esperança. O apogeu da dor encontrou Caiado junto com a família Vilela, Daniel à frente. Em algo tão injusto e sacrificante quanto a política, escapam ao menos os gestos. Maguito teve gestos inesquecíveis, no acolhimento aos contrários, na convivência, inclusive internamente no MDB. É a linha agora de Daniel.
Maguito deixou um herdeiro não apenas dos bens, mas do imenso espólio político: Daniel, que amadureceu muito no fim do ano passado e no início deste. Foi forjado pela dor, forjado pelo sofrimento. Em menos de 100 dias, Daniel penou por uma existência. O que não havia passado desde o nascimento, viveu tudo de uma vez em três meses.
Com as saídas simultâneas de Iris e Maguito, emergiu um líder com qualidades, preparo e algo que não se ensina e só se conquista com as cicatrizes: Daniel está moldado pela batalha mais cruel, a que tem um front que defende a vida e outro que protege a honra. Nesse período, os gestos de Caiado foram semelhantes aos de Maguito em toda a trajetória, de busca, de companheirismo, de amizade. Tamanho cabedal exposto pelo novo uniu o MDB em torno de Daniel. Não 100%, claro, nem era o esperado. Porém, uns 95% do partido está com ele e uns 90% o querem na chapa junto com o governador Ronaldo Caiado em 2022.
Esclareça-se: 95% e 90% do que interessa, do que tem relevância. A base do governador apoia a aliança com Daniel quase na mesma intensidade. O governismo-nutella oferece tênia resistência — era tênue, mas ficou solitária de vez. O caiadismo-raiz almeja o presente e o futuro na mesma chapa. Os índices citados aqui não são fakes nem chutes. Fazem parte de levantamento feito pelo repórter. Informal, sim, mas não inventado.