Aparecida recua e vai fechar todo o comércio não essencial por 7 dias
Após flexibilizar medidas de combate à Covid-19 na semana passada, o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) recuou e estuda um novo decreto para fechar todo comércio não essencial por sete dias a partir da próxima segunda-feira, 1º. As medidas mais severas foram propostas em uma reunião com 11 prefeitos de cidades que integram a Região Metropolitana de Goiânia e o governador Ronaldo Caiado (DEM), na tarde de ontem, 26, no Paço da Capital. Os gestores avaliaram a necessidade do fechamento diante do aumento de casos do novo coronavírus e a superlotação da rede de saúde nos municípios. Neste, às 14 horas, no Palácio das Esmeraldas, os prefeitos estarão com o governador para divulgar seus decretos.
Enquanto Goiânia, Senador Canedo, Anápolis e outras cidades de Goiás já haviam adotado, na semana passada, medidas mais severas de combate à disseminação do vírus, após a divulgação da Nota Técnica da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) no dia 16 de fevereiro, Aparecida disparava em casos de mortes e de contaminações, além da lotação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) voltadas para o tratamento de pacientes com Covid-19 chegar à beira do colapso. Por isso, foi preciso reavaliar e adotar medidas mais severas de combate. Ainda assim, Gustavo Mendanha afirma que o município possui um comitê desde o início da pandemia que analisa periodicamente a situação do município.
Os secretários de saúde dos municípios envolvidos no debate também se reuniram na noite de sexta-feira, 26, para definir o decreto com representantes do jurídico. No entanto, as medidas não preveem restrição de circulação de pessoas nas ruas, portanto não pode ser chamado de ‘lockdown’. O transporte coletivo não foi discutido, mas Ronaldo Caiado declarou que não deve haver paralisação no serviço.
Na reunião, os prefeitos decidiram ainda que caso a ocupação de leitos fique abaixo de 75% deve ser liberado o funcionamento de atividades com escalonamento intermitente, semelhante ao adotado em Aparecida de Goiânia em 2020. As medidas de restrição preveem o funcionamento apenas de supermercados, farmácias, postos de gasolina, borracharias, oficinas mecânicas e pet shops. Bares e restaurantes somente funcionarão através de delivery.
Preocupação
Ronaldo Caiado disse que o Estado monitora a escalada de casos confirmados e mortes por Covid-19 desde que a SES-GO identificou a circulação das novas variantes do vírus de Manaus e do Reino Unido, há cerca de duas semanas.O governador, por sua vez, lembrou que a mutação em circulação em Goiás tem surpreendido por sua capacidade de contaminação. “Não é nada parecido com a primeira onda. Não tivemos uma situação como a atual em que estamos desativando centros cirúrgicos para transformar em leitos de UTIs”, alertou o chefe do Executivo goiano.
O prefeito de Aparecida de Goiânia, que participou da reunião, acredita que será possível reavaliar o cenário de casos e ocupação de UTIs após os sete dias iniciais do decreto e, a partir do estudo, decidir se o texto será prorrogado ou as medidas relaxadas novamente. “É preciso ter consciência. Não dá para fechar tudo e as pessoas ficarem em casa fazendo churrascos e festas porque os casos aumentam de novo depois”, destacou Mendanha.
Segundo o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), o decreto deve ser publicado na segunda-feira, 1, com início imediato de validade. Mas o conteúdo do documento será apresentado à população neste fim de semana, em uma coletiva no Palácio das Esmeraldas.
Colapso
Cruz foi taxativo sobre a capacidade de atendimento da rede municipal de Saúde, após sair da reunião com os políticos. “Não temos condição de atender mais ninguém. Goiânia chegou nestes dias a 84% de lotação das UTIs. O nosso desejo, de acordo com a situação atual, é fechar tudo a partir de segunda-feira, 1º, apenas o essencial deve funcionar”, disparou o prefeito.
A avaliação foi referendada pelo presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi, que falou em nome do Fórum Empresarial. “A realidade foge da nossa vontade, como empresários não queremos fechar, mas como cidadãos ficamos até constrangidos diante da situação apresentada”, declarou Baiocchi.
Participaram da reunião representantes e prefeitos de Aragoiânia, Abadia de Goiás, Bela Vista, Bonfinópolis, Brazabantes, Caldazinha, Goianápolis, Goianira, Hidrolândia, Nerópolis, Nova Veneza, Santo Antônio de Goiás, Senador Canedo, Terezópolis e Trindade.
Os gestores da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia alertam: um a cada três testes realizados em Aparecida de Goiânia teve resultado positivo para a Covid-19 na última semana. No início do mês, segundo a pasta, a média de positividade estava na casa dos 20%. O município tem hoje 48.943 casos confirmados e 687 vieram a óbito por Covid-19, além de 79% de ocupação de UTI na rede pública e 100% na privada.
Da Redação