Indicação de Raquel Teixeira para a Educação gaúcha é passo polêmico
Da Redação
A indicação da ex-deputada federal e ex-secretária estadual de Educação de Goiás Raquel Teixeira para ocupar a Secretaria de Educação do governo do Rio Grande do Sul, comemorada pelos ex-governadores Marconi Perillo e José Eliton, tem um gosto polêmico que pode acabar se revertendo em prejuízo para os líderes tucanos goianos – quando toda a verdade em torno do seu passado for revelada.
Raquel Teixeira, que também foi candidata a vice-governadora na chapa derrotada de José Eliton, em 2018, é apresentada aos incautos como responsável pelos supostos bons resultados que Goiás obteve na classificação geral do IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação no Brasil, que depois se descobriu não passar de uma grande farsa.
O governador do Rio Grande do Sul, Antônio Leite, é um jovem sem experiência administrativa, que alimenta o sonho megalomaníaco de se candidatar a presidente da República em 2022. É possível que ele tenha chamado Raquel Teixeira para o seu secretariado com o objetivo de colocar uma cunha no relacionamento entre Marconi e o governador de São Paulo João Dória, que tem o mesmo projeto presidencial. E talvez acreditando nos resultados que Goiás, à época em que ele chefiou a Educação estadual, alcançou no IDEB.
Goiás escalou as alturas do IDEB graças ao que se pode chamar de fraude, ou seja, uma série de manipulações que a Secretaria de Educação, sob o comando da professora Raquel Teixeira, colocou maliciosamente em prática, sem preocupação com as suas consequências danosas – e elas logo apareceram, através dos milhares e milhares de alunos que foram prejudicados com o encurtamento dos seus anos de estudo exclusivamente para “melhorar artificialmente as notas da rede estadual no IDEB”, como apontou na época o jornal O Popular.
Para o cômputo do IDEB, os índices de evasão e de aprovação são os mais importantes. A redução de um e a elevação de outro implicam automaticamente no avanço da posição de um Estado. E o que Raquel Teixeira fez? Ela retirou os alunos dos cursos noturnos da rede estadual do cálculo das taxas de evasão e de aprovação. Por um motivo simples: quem estuda à noite trabalha durante o dia, quando vai para a escola, está cansado e não mostra rendimento adequado – e há também muita reprovação. E, consequentemente, o número que abandona as aulas ou não consegue aprovação é muito alto. E sem falar que não se dariam bem na prova presencial.
Raquel criou um emaranhado de portarias e resoluções, transferindo os alunos dos cursos noturnos, sem que eles soubessem, para um programa chamado PROFEN – Programa de Fortalecimento do Ensino Noturno, que, na prática, equivale ao ensino supletivo (tecnicamente chamado de EJA – Educação de Jovens e Adultos) e não entra na conta do IDEB. Cerca de 17 mil estudantes foram migrados, sem saber. Tudo na mais total improvisação, como revelou O Popular. E com a redução da carga horária, equivalente a um ano de estudos.
Tudo foi feito de olho na busca de um falso desempenho no IDEB que pudesse ser vendido eleitoralmente – tanto que Raquel Teixeira acabou como candidata a vice-governadora. Mas, como se sabe, não deu certo: os três, Marconi, Zé e Raquel, perderam a eleição. E perderam feio. Uma professora especialista da UFG, Maria Margarida, definiu na época a manipulação como “uma tragédia”, ou seja, o Estado se livrou de um grande contingente de alunos, abandonados sem receber o ensino adequado, para evitar que eles entrassem na avaliação do IDEB. Em uma palavra: crime.