Aparecida

Descartando a parceria, Aparecida e Goiânia adotam posições divergentes

Da Redação

A proposta de parceria entre os prefeitos de Aparecida Gustavo Mendanha e de Goiânia Rogério Cruz não resistiu ao primeiro teste: cada um adotou uma posição diferente em relação ao combate à pandemia do novo coronavírus. Seria normal ou aceitável, mas, ao manter o comércio aberto em Aparecida, mesmo com o escalonamento por regiões, Mendanha permite que o vírus se propague e pressione não só o sistema de saúde do município, como também o de Goiânia. Comenta-se que a decisão do prefeito de Aparecida de contrariar o caminho adotado pelo prefeito de Goiânia Rogério Cruz foi resultado de pressões do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás – FIEG Sandro Mabel, que teria poder de decisão sobre a prefeitura municipal.

Enquanto Goiânia fecha tudo…

Como estratégia para conter o avanço da pandemia de Covid19 no município, Goiânia adota, a partir de hoje, segunda-feira, 15, o fechamento das atividades não essenciais, econômicas e não econômicas por mais 14 dias. Documento assinado pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) determina que, após esse período, atividades não essenciais poderão funcionar por outros 14 dias e assim sucessivamente.

A decisão pela manutenção do lockdown traz algumas mudanças como a volta do sistema drive-thru e a proibição de aulas presenciais nos estabelecimentos de ensino de todos os níveis durante as duas próximas semanas.

A partir de agora, supermercados poderão vender, exclusivamente, alimentos, bebidas, produtos de higiene, saúde e limpeza, ficando expressamente proibido o consumo de gêneros alimentícios e bebidas no local. Além disso, só poderá ter acesso ao local uma pessoa por família, exceto nos casos em que for necessário acompanhamento especial. Lojas de conveniência serão fechadas. Hotéis, pousadas e correlatos poderão abrir as portas, desde que respeitando o limite de 65% da capacidade de acomodação, ficando autorizado o uso de restaurantes exclusivamente para os hóspedes, devendo ser observados protocolos específicos estabelecidos pela Secretaria Municipal de Saúde.

Obras da construção civil de infraestrutura do poder público, de interesse social, bem como as relacionadas a energia elétrica, saneamento básico e as hospitalares poderão funcionar. Restaurantes e lanchonetes, exclusivamente nas modalidades delivery, drive-thru e pegue/leve. E estabelecimentos privados de ensino regular nas etapas infantil, fundamental e médio, somente na modalidade remota. Organizações religiosas poderão fazer atendimento individual previamente agendados, ficando vedada a realização de missas, cultos, celebrações e reuniões coletivas similares, salvo no caso de celebrações para público não-presencial, por meio de transmissão por mídias sociais ou televisivas.

O prefeito Rogério Cruz justificou a decisão de manter o lockdown em Goiânia e destacou o papel que cada pessoa deve tomar para conter ao avanço da doença na região. Para ele, todos precisam fazer “sacrifícios” para alcançar o objetivo de diminuir a propagação da doença. “Se já vivemos um cenário de pesadelo, tenha certeza: pode piorar. Isso só vai passar se adotarmos agora medidas duras para reduzir a circulação do vírus. Por isso, estou baixando esse novo decreto, restringindo por mais 14 dias as atividades não essenciais em nossa cidade. É um esforço conjunto nosso”, frisou.

Ontem, domingo, ao meio-dia, Goiânia registrava uma ocupação de UTIs de 98,63% geral (pública e privada), restando apenas 5 leitos disponíveis, segundo dados do Painel Covid-19 da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás.

…Aparecida relaxa ainda mais

Com índices de 97% de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) na rede pública e 96% na privada, de acordo com o Painel Covid-19 da prefeitura de Aparecida de Goiânia de sábado, 13, o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) recuou a pedido dos empresários e decidiu, a partir de hoje, segunda, 15, adotar o retorno do modelo de isolamento social intermitente por escalonamento regional.

Gustavo Mendanha, que dantes defendia parceria com o prefeito de Goiânia Rogério Cruz, mudou de posição e resolveu aceitar a orientação do presidente da FIEG Sandro Mabel, que tem grande influência sobre as decisões da prefeitura de Aparecida.  

Apesar do parecer da Secretaria Municipal de Saúde, indicando que o município encontra-se hoje no cenário laranja, ou seja, de risco alto de contaminação, a prefeitura optou por relaxar o lockdown.  Com a cidade dividida em 10 macrozonas, com quatro macrozonas fechando duas vezes de segunda a sexta-feira e a cidade inteira fecha aos sábados a partir às 13 horas e no domingo o dia todo.

Na segunda feira, fecham as macrozonas: Vila Brasília, Buriti Sereno, Alto Paraíso e Cidade Livre. Terça-feira, fecham as macrozonas: Vila Brasília, Garavelo, Alto Paraíso e Zona da Mata. Quarta-feira é a vez das macrozonas do Garavelo, Centro, Zona da Mata e Expansul. Na quinta-feira ficam fechadas as macrozonas do Centro, Santa Luzia, Expansul e Papillon. Sexta-feira fecha as macrozonas do Santa Luzia, Buriti Sereno, Papillon e Cidade Livre. Todas as macrozonas fecham no sábado das 13h e no domingo o dia todo.

A superintendente estadual de Vigilância em Saúde de Goiás, Fúlvia Amorim, adverte que a prioridade atualmente é frear a transmissão da doença, com uso de máscara, distanciamento social e álcool em gel. “E controlar a transmissão neste momento significa usar máscara sempre que sair de casa, manter distanciamento físico, higienizar as mãos e evitar aglomeração”. Ela ressalta que não há nenhuma contraindicação do uso de máscara de tecido.

“Hoje não há nenhuma contraindicação do uso de máscara de tecido, desde que ela seja feita corretamente de acordo com os protocolos e quem tiver interesse está no site da Secretaria de Saúde. Mas ela precisa e deve ser usada. Ela evita que as gotículas de saliva na hora que a pessoa está conversando ou está respirando seja dispersa no ar ou no ambiente. O uso de máscara é muito inteligente. Continuem usando-as em todo momento fora de casa”, ressalta.

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