Além de faltar caixões, enterros ficam mais caros em Aparecida
Ana Paula Arantes
Alerta da Associação Brasileira dos Fabricantes de Urnas Funerárias avisou nesta semana sobre a possibilidade da falta dos insumos para a fabricação de caixões para enterros. Ao Diário de Aparecida o presidente do Sindicato das Empresas Funerárias, Cemitérios e Crematórios (Sefecc) de Goiânia e Região Metropolitana, Wanderely Rodrigues, admitiu que há escassez de madeiras e químicos como verniz, cola, TNT e MDF, conhecidas como as placas de fibra, itens que não são específicos somente para o segmento funerário, porém para a marcenaria em geral.
“O desabastecimento de insumos chegou e é generalizado. A consequência é que, para fabricar as urnas mortuárias, os fabricantes estão sendo obrigados a comprar os insumos no varejo, resultando no encarecimento dos serviços funerários ao consumidor. O que é preciso é que os distribuidores priorizem esses serviços essenciais e atendam ao segmento funerário. As empresas que antes tinham estoque para 90 a 120 dias, estão com estoque apenas para 30 a 60 dias”, explicou Wanderley Rodrigues.
Uma foto da fila de carros funerários na porta da Maternidade Célia Câmara, em Goiânia, presumidamente para a retirada de corpos em razão da Covid-19, foi postada no Facebook pelo internauta Márcio Lima Almeida, no dia 14 de março, com grande repercussão. Ele disse ao Diário de Aparecida que recebeu a foto em um grupo de WhatsApp e decidiu publicar. O presidente do sindicato das funerárias viu a foto e confirmou que filas iguais podem ser vistas nas portarias de cemitérios, todos os dias, por volta das 15h às 16 horas.
No Hospital Municipal de Aparecida (HMAP), uma das unidades de campanha para atendimento a pacientes com o novo coronavírus, em 30 minutos foram registrados pelo DA, dois veículos de empresas funerárias diferentes fazendo remoção de corpos.
Foram registradas mais de 3 mil mortes e mais de 100 mil casos no Brasil nas 24 horas do dia 17 de março por Covid-19. Dados do Sefecc apontaram que em Goiânia foram confirmadas 119 mortes no mês de janeiro; 250 em fevereiro; e, nos primeiros 15 dias de março, acima de 400 óbitos. Informações do último Boletim Epidemiológico de Aparecida de 17 de março, revelam oficialmente que 818 já faleceram desde o início da pandemia, com nove óbitos confirmados nas últimas 24 horas. A média de óbitos por dia, nas últimas semanas, é de 7 a 10 em Aparecida.
Aparecida não deu resposta para a vacinação de agentes funerários
A 2ª onda da Covid-19 em Goiás preocupa o sindicato das funerárias da Capital e Região Metropolitana, que também atende Aparecida. Ele especificou que os mais de 200 trabalhadores funerários têm o contato direto com os contaminados na hora de fazer a remoção dos que morreram nas enfermarias de isolamento ou nas em UTIs.
Segundo ele, há casos de unidades de saúde que não possuem o equipamento adequado, que são os invólucros lacrados. Ele explica que, tendo ou não o material, o agente funerário tem que fazer esse serviço de coleta do corpo. Os agentes funerários atuam na linha de frente, sem poder parar, por isso são considerados como grupo de risco.
“Com a crescente contaminação, o que também nos preocupa é o contato que os profissionais do serviço funerário têm com as pessoas vivas ou mortas, vítimas da Covid-19, expondo-se à potencial contaminação. Aparecida ainda não imunizou todo o serviço funerário, e Goiânia, sequer iniciou. Mas o decreto do Ministério da Saúde, publicado na última sexta-feira, 12, trouxe regras técnicas para imunização dos trabalhadores da saúde, incluídos os do serviço funerário como grupos prioritários”, salientou.
Apesar dos requerimentos enviados pelo Sindicato das Empresas Funerárias, Cemitérios e Crematórios (Sefecc) de Goiânia e Região Metropolitana para as prefeituras de Aparecida e da capital, a resposta da parte de Goiânia foi de que ainda não há data prevista em função da pouca quantidade de vacina. Já Aparecida sequer respondeu. O presidente ressaltou que Goiatuba, Bom Jesus, Buriti Alegre e dezenas de outros municípios já vacinaram seus sepultadores e agentes funerários. (APA)