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Goiás passa de 10.000 mortes, Aparecida aproxima-se de 1.000. Mendanha não dá uma palavra

Da Redação

Prefeito da 2ª cidade mais habitada do Estado, com uma população de 600 mil habitantes e uma economia que se equipara hoje à de Anápolis, só perdendo em grandeza para Goiânia, Gustavo Mendanha acumula movimentos controversos e polêmicos em relação à pandemia do novo coronavírus.

O mais grave, até agora, é o desalinhamento da estratégia de combate à Covid-19 em relação ao resto do Estado, em especial divergindo das medidas restritivas adotadas por Goiânia, a capital com a qual Aparecida se torna uma só do ponto de vista da concentração urbana – bairros, ruas, avenidas e o transporte coletivo se prolongam entre as duas cidades.

Mendanha sempre se escuda em um comitê de prevenção e enfrentamento da pandemia criado pela sua prefeitura, no qual as associações populares aparecidenses têm apenas um representante e as entidades classistas do empresariado cinco cadeiras. No denominado COE, participam a FECOMÉRCIO, a FIEG, a ACIAG, a ACILARG e a associação dos feirantes locais, todos defensores do livre funcionamento das atividades econômicas não essenciais mesmo com riscos de propagação do coronavírus, enquanto marca presença um único representante da população, pelo Conselho das Associações de Moradores de Bairros de Aparecida.

O chamado COE dá ao prefeito as justificativas que ele precisa para fugir de decisões impopulares, como o fechamento das portas do comércio, indústria e serviços por 14 dias, o que aconteceu na vizinha Goiânia, mas não em Aparecida, onde foi substituído por um modelo questionado por especialistas, o escalonamento intermitente por regiões – que, na prática, garante a ocorrência diária de aglomerações e multidões nos logradouros públicos onde está tudo aberto, como ocorreu nesta semana no Buriti Shopping, até chamando a atenção da imprensa estadual.

Politicamente, Mendanha se aproximou de extremistas bolsonaristas que atuam em Goiás, como Gustavo Gayer e a vereadora Gabriela Rodart, que lideraram o bloqueio da rodovia BR-153 em protesto contra as medidas restritivas e causaram um engarrafamento de 18 quilômetros. Com Gayer, o prefeito aparecidense chegou a protagonizar uma live no Instagram, em que ambos trocaram elogios e criticaram o decreto do governador Ronaldo Caiado que instituiu o chamado sistema 14 x 14, que na prática fecha as portas do comércio, indústria e serviços por 14 dias e depois reabre por mais 14 e assim consecutivamente até o arrefecimento da pandemia. 

Além disso, somam-se aos equívocos do prefeito escorregadas que chamam a atenção como o seu silêncio no dia em que Goiás ultrapassou a triste marca dos 10.000 mortos pela Covid-19 e Aparecida, no mesmo momento, ia além dos 800 óbitos pela mesma doença. Autoridades como o governador Ronaldo Caiado e o prefeito de Goiânia Rogério Cruz manifestaram o seu pesar e fizeram pronunciamentos que tiveram grande repercussão, inclusive uma live em que apareceram juntos no anúncio de recursos emergenciais para ações sociais nos municípios. Mendanha, não. Fora paparicos mútuos com o extremista Gustavo Gayer, não deu um pio sobre a trágica efeméride para os goianos.

Pesquisa DataFolha: 71% são a favor de restrições ao comércio

Os números da pesquisa nacional do Instituto DataFolha divulgada nesta semana corroboram o acerto do governador Ronaldo Caiado (DEM) ao editar decreto que restringe as atividades do comércio e serviço em Goiás, com o objetivo de reduzir o número de internações por Covid-19 nos hospitais.

O DataFolha é o instituto de maior credibilidade no país e evita qualquer risco para a sua seriedade, inclusive prestando serviços somente para o jornal Folha de S. Paulo e recusando qualquer encomenda de trabalho para partidos políticos, empresas do setor privado ou órgãos governamentais. 

Segundo o levantamento, 71% dos entrevistados apoiam a adoção de restrições no funcionamento do setor de comércio e serviço, para conter o avanço do coronavírus, 10 pontos percentuais a mais que pesquisa feita no final de 2020, quando esse índice era de 61%. Apenas 28% são contra e 2% não têm opinião.

Com base nessa pesquisa, em nível nacional, é possível projetar que houve também um aumento dos que apoiam as mesmas medidas em Goiás. A pesquisa foi feita na segunda-feira, 15, e terça-feira, 17, com 2.023 pessoas, por telefone por causa da pandemia. Todos os órgãos de imprensa do país repercutiram os índices favoráveis às medidas restritivas, inclusive a Rede Globo.

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