Aparecida

“Núcleo duro” que influencia decisões de Gustavo Mendanha tem 8 estrelas

Helton Lenine

Desde o seu primeiro mandato, quando consultava, com frequência, seu mentor político, o ex-prefeito Maguito Vilela, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), 38 anos, não toma as decisões em sua administração de forma individual: ele segue religiosamente as recomendações de um seleto grupo formado por lideranças políticas, empresariais e secretários da sua “absoluta confiança”.

O Diário de Aparecida revela quem, efetivamente, “manda” na prefeitura, ou seja, quem “faz a cabeça” do prefeito Gustavo Mendanha em decisões como nomeações para cargos comissionados, definição de prioridades de obras, principalmente para as áreas de saúde, educação e infraestrutura, e em assuntos políticos.

O “núcleo duro” de Gustavo Mendanha interfere, também, na escala de pagamentos dos fornecedores e prestadores de serviços para a prefeitura de Aparecida de Goiânia. “Não se paga ninguém sem o aval dos principais influenciadores do prefeito”, diz um emedebista experiente, com conhecimento sobre os bastidores da Cidade Administrativa.

Quem faz a cabeça do prefeito

Daniel Vilela, presidente do MDB

Um exemplo de interferência na área política: Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, teve peso na decisão de Gustavo Mendanha, ano passado, de trocar o candidato a vice-prefeito em sua chapa, Veter Martins como retaliação ao senador Vanderlan Cardoso e ao PSD por não apoiar a candidatura de Maguito Vilela à prefeitura de Goiânia. Mendanha é grato a Daniel Vilela por várias razões, mas a principal delas foi o apoio decisivo que recebeu do então deputado federal do MDB à escolha de seu nome para representar o partido na disputa pela prefeitura de Aparecida, em 2016. Daniel foi a Maguito, então prefeito, e “bateu o martelo” em favor da candidatura do atual prefeito.

Sandro Mabel, presidente da FIEG

José Luiz Celestino, dono da Costa Brava

Os empresários Sandro Mabel, presidente da Federação das Indústrias de Goiás – FIEG e José Luiz Celestino de Oliveira, da empreiteira Costa Brava, exercem forte influência sobre Gustavo Mendanha. Mabel, que já foi deputado federal, comandou, por anos, a fábrica de biscoitos Mabel, sediada em Aparecida. A Costa Brava, de José Luiz Celestino, é sediada na cidade e ele foi presidente da Associação Comercial Industrial de Aparecida de Goiânia – ACIAG. Mendanha conversa, várias vezes por semana, com Mabel e Celestino. O presidente da FIEG é tão forte que está por trás da decisão de Aparecida de não seguir o decreto 14×14 do governador Ronaldo Caiado e implantar o escalonamento intermitente do comércio, indústria e serviços por regiões, que tem gerado desgaste para o prefeito.

André Rosa, secretário de Fazenda

André Rosa, secretário de Fazenda, é outro auxiliar de Gustavo com força na prefeitura de Aparecida de Goiânia, pela própria natureza do cargo. Ele foi coordenador financeiro de Mendanha já nas eleições de 2016 e 2020 quando captava recursos para a campanha junto ao empresariado. A recente crise envolvendo o Hospital Municipal teve André Rosa como um dos protagonistas, quando a polícia flagrou a sua mulher despachando exames superfaturados dentro das instalações do HMAP. Ele foi intimado a depor pela polícia civil, mas se manteve calado. Seu prestígio junto à Mendanha não foi abalado.

Fábio Passaglia, secretário de Governo

O prefeito não toma nenhuma decisão administrativa sem consultar Fábio Passaglia, secretário de Governo e da Casa Civil. Discreto, o empresário tem amplo domínio da máquina administrativa e todos os demais secretários estão orientados para obedecer a suas determinações, sem questionamentos. Passaglia também foi arrecadador durante as campanhas eleitorais de 2016 e 2020.

Fábio Camargo, procurador geral

O advogado Fábio Camargo, atual procurador-geral da prefeitura de Aparecida, também é ouvido pelo prefeito antes de tomar decisões polêmicas, principalmente envolvendo a área jurídica – contratos e assuntos de interesses das empresas prestadoras de serviços e fornecedores. Foi ele quem orientou os comerciantes de Aparecida a fechar as portas quando intimados pela polícia, no caso do decreto estadual anti-Covid-19, mas reabrirem assim que os agentes se retirassem – declaração que trouxe desgastes para Gustavo Mendanha. 

Tatá Teixeira, coordenador político

O empresário Tatá Teixeira, ex-vereador e filho do ex-prefeito Norberto Teixeira, é o responsável pela coordenação política do governo Mendanha. Todas as indicações para cargos comissionados feitas pelos 25 vereadores e pelos 21 partidos políticos que apoiam o prefeito – e são centenas – passam pelo “crivo” de Tatá Teixeira até chegar à mesa do prefeito para o decreto de nomeação. É assim que é assegurada a “unanimidade” da classe política aparecidense em torno do chefe do Executivo municipal. 

Davi Mendanha, primo de Gustavo

O advogado Davi Mendanha, primo de Gustavo Mendanha, está sempre perto do prefeito e tem a opinião considerada especialmente quanto a questões de segurança em Aparecida. Depois de indicar Davi para a procuradoria-geral da Câmara Municipal na gestão do hoje vice-prefeito Vilmar Mariano, o emedebista nomeou o advogado, no 2º mandato, para o cargo de secretário executivo de Segurança Institucional da prefeitura de Aparecida, pasta que foi criada pela reforma administrativa e que existe só no papel.

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