Editorial do Diário de Aparecida: Reforma ministerial ou crise?
O início da semana foi movimentado, para não dizer tumultuado, em Brasília. O presidente Jair Bolsonaro viu três de seus ministros desembarcarem do “barco furado”que tem sido o governo federal desde o início da pandemia da Covid-19 em um único dia. São eles: José Levi, da Advocacia-Geral da União; Fernando Azevedo e Silva, do Ministério da Defesa e Forças Armadas; Ernesto Araújo, do Ministério das Relações Exteriores. Os outros três ministros envolvidos nas mudanças – Ramos, Braga Netto e Mendonça – foram apenas remanejados para novos postos ministeriais.
Para as alterações, Bolsonaro já anunciou os seguintes nomes: Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo para a Casa Civil da Presidência da República; o delegado da Polícia Federal Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal para o Ministério da Justiça e Segurança Pública; o general Walter Souza Braga Netto, atual chefe da Casa Civil para o Ministério da Defesa.
Além do embaixador Carlos Alberto Franco França, diplomata de carreira que estava na assessoria especial da Presidência da República para Ministério das Relações Exteriores; a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) para a Secretaria de Governo da Presidência da República; e André Mendonça, que já chefiou a AGU no início do governo e está atualmente no Ministério da Justiça para retornar a Advocacia-Geral da União.
Essas mudanças podem representar muito mais que uma simples reforma ministerial. Todas essas articulações podem representar a fragilidade do governo de Bolsonaro neste período de enfrentamento à Covid-19 como: desentendimentos ideológicos, pressões políticas externas e internas e até mesmo, uma crise interna já instaurada na esfera federal. Vale lembrar que também no início deste mês, o presidente já havia substituído o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello, por Marcelo Queiroga.
Neste momento, em que o país enfrenta o pior cenário da pandemia desde o início da crise sanitária, em março do ano passado, o que os brasileiros mais precisam é de estabilidade econômica, na saúde, na garantia de direitos vitais como uma alimentação equilibrada e saudável. Porém, cada vez mais a postura do governo federal é de instabilidade e desequilíbrio. Se essa postura continuar a se repetir, a crise em nosso país, em todos os âmbitos que estamos vivenciando atualmente, não passará tão cedo ainda mais pessoas irão morrer, seja de Covid-19 ou de fome.