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Delegada classifica violência contra a mulher como “pandemia da violência doméstica”

Edna Barbosa

Uma pesquisa realizada em novembro do ano passado apontou que para muitas mulheres a “casa” se tornou o lugar menos seguro para elas. Na Europa, as associações que ajudam as mulheres vítimas de violência estão sobrecarregadas. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgados no fim de setembro, do ano passado, o confinamento levou o aumento das denúncias ou ligações para as autoridades, em todos os países, obrigados a decretar medidas de restrições aos deslocamentos para frear a propagação do coronavírus. Dessa forma, muitas mulheres e crianças se viram presas em residências pouco seguras.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). No Brasil, por exemplo, foram registrados 648 feminicídios no primeiro semestre de 2020, 1,9% a mais que no mesmo período de 2019. Para a delegada de Polícia Civil de Goiás, Cybelle Tristão, esse crescimento está classificado como uma pandemia dentro de uma pandemia. 

Em entrevista exclusiva ao Diário de Aparecida, a delegada fez questão de ressaltar que a violência contra a mulher ganhou uma proporção enorme, nesse momento em que o Brasil e o mundo vivem. “O isolamento social, trazido pela pandemia, faz com que nós tivéssemos um acirramento dessa violência, porque as mulheres estão juntas, com seus agressores. Então isso acaba dificultando a acessibilidade da mulher a um canal de denúncia, de comunicação ou registro de ocorrência”, disse. 

Diante desse cenário, a Polícia Civil, no país inteiro, passou a criar mecanismos para que essas mulheres pudessem ter condição de denunciar essa violência, mesmo estando no mesmo ambiente que o seu parceiro, que na maioria das vezes é o agressor. 

“Nós temos várias campanhas que foram divulgadas, dentre elas, a campanha do sinal com um X vermelho na mão dizendo que aquela mulher está em perigo. Aquele X representa um pedido de socorro. Essa campanha foi deflagrada juntamente com uma rede de farmácias – onde a intenção era, a de que, a mulher ao ir em uma farmácia, ela apresentasse o sinal vermelho em forma de um X na palma da mão, para o atendente ou farmacêutico e este acionária uma viatura da polícia. Além de outras campanhas”, enfatizou. 

No site da Polícia Civil, foi criado uma plataforma somente para atender as ocorrências de violência doméstica. Apesar de termos estudos que revelam o aumento desse tipo de violência, o registro dessas ocorrências presenciais não estão sendo feitas. Já que a mulher está no mesmo ambiente do seu agressor. Por isso é importante intensificar as campanhas, que são extremamente necessárias. Além do canal direto que é o Disque 180, a Polícia Civil também disponibiliza o 197, para qualquer pessoa denunciar todo tipo de violência contra a mulher. 

Dentre os crimes mais comuns, praticados nesse período de pandemia estão; as ameaças, injúria, difamação, vias de fato, lesão corporal e o ápice da violência contra a mulher que é o feminicídio. “O que é importante ressaltar, é justamente a necessidade de nós quebrarmos o silêncio. Elaborar políticas públicas para nossas mulheres. No próximo dia 5 de abril, eu estarei novamente comandando a Delegacia da Mulher de Aparecida de Goiânia, juntamente com a doutora, Luiza. Posso afirmar que já estamos com vários projetos a serem desenvolvidos em parceria com o município. Finalizou a delegada Cybelle Tristão. 

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