Receio de perder receitas também influiu na opção pelo escalonamento intermitente
Além de todos os fatores já conhecidos – como a estratégia política do prefeito Gustavo Mendanha de se posicionar como adversário do governador Ronaldo Caiado e buscar uma candidatura majoritária em 2022 –, a imposição do escalonamento intermitente do comércio, indústria e serviços por regiões em Aparecida foi também motivada pelo receio da prefeitura de perder receitas.
Em 2020, o impacto da pandemia sobre os cofres municipais correspondeu ao menos a R$ 55 milhões, valor admitido na semana passada pelo secretário de Fazenda, André Rosa, em entrevista à Rádio Sagres. No corrente ano, o rombo deve aumentar. Essa redução, somada à queda nos repasses federais, inclusive pelo período em que Aparecida ficou com o cadastro negativado na Secretaria do Tesouro Nacional, levou Mendanha a enfrentar dificuldades financeiras – em especial diante do aumento de despesas na área de saúde com a chegada da 2ª onda da Covid-19.
A campanha para a reeleição aumentou os gastos da prefeitura, a ponto de, hoje, se constatar alguma penúria. Novas secretarias foram adicionadas por uma “reforma administrativa”, elevando o total para 27 pastas, das quais várias não entraram em funcionamento, como a de Segurança, promessa do período eleitoral. Mas um titular, um secretário executivo, superintendente e diretores estão nomeados e recebendo desde o início de janeiro. Em todas, foram criados cargos comissionados para abrir aliados do prefeito.
Antes de ser acometido pelo coronavírus, juntamente com a maior parte da sua família, Gustavo Mendanha já falava em crise financeira. “Os recursos que tínhamos alocados para combater a Covid-19, cerca de R$ 50 milhões, estão chegando ao final. Faz-se necessário um aporte do Ministério da Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde para ajudar. Temos feito esse trabalho para atender não só o munícipe, mas também de outras cidades. Começamos a ter uma preocupação em relação à questão financeira do município”, disse no início de março à Rádio Bandeirantes de Goiânia.
Com a prefeitura padecendo com a instabilidade no seu fluxo de caixa, com a queda de arrecadação proveniente da redução da atividade econômica a partir dos efeitos negativos da pandemia em Aparecida, veio a decisão de impor o escalonamento intermitente por regiões, que mantém diariamente 60% das atividades econômicas não essenciais em funcionamento – gerando arrecadação para o município.