Brasil

Editorial do Diário de Aparecida: A economia brasileira pede socorro

Às voltas com as dificuldades para encaixar todas as despesas no orçamento, inclusive aquelas relativas aos gastos com a pandemia de Covid-19, o governo federal demorou para relançar o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), que permite a suspensão de contratos de trabalho ou redução proporcional de jornada e salário, com pagamento de auxílio governamental para compensar a queda na renda e estabilidade pelo mesmo tempo de duração do acordo.
Se por um lado o cenário parece demonstrar que a situação atual é menos desesperadora que no início da pandemia, por outro ainda é sintomático que a maioria absoluta dos acordos firmados agora ainda envolva as modalidades mais drásticas – a suspensão total do contrato, com 46,88% dos acordos, e a redução de 70% na jornada e no salário, com 29,51%. Ao lado da vacinação, que tem o potencial de mitigar a pandemia e permitir a retomada da economia, preservar empregos neste momento é prioridade absoluta.
Se o BEm foi relançado tardiamente, mas ao menos já está em vigor, outra medida fundamental ainda aguarda para ser destravada: o Pronampe, programa de empréstimos a juros baixos para pequenas e médias empresas. O Brasil já vinha passando por dificuldades fiscais bem antes da pandemia, e as medidas implantadas no País desde a chegada da Covid-19 não foram tão abrangentes quanto as providências aplicadas em nações ricas e que tinham condições de empenhar mais recursos no auxílio a trabalhadores e empresas.
O desafio brasileiro, neste caso, é fazer tudo o que estiver ao alcance de um governo com cofres em frangalhos, ainda que este “tudo” empalideça na comparação com outros países. Depois das centenas de milhares de mortes, o desemprego, a quebradeira, a pobreza e a fome são os piores efeitos da Covid. Para combatê-los, todo recurso inteligentemente usado vale a pena.

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