Para sair da “sombra” de Daniel, prefeito admite dar adeus ao MDB
Na conversa com lideranças de diversos partidos, o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, passou a admitir a hipótese de deixar o MDB para abrigar-se em outra legenda, caso tenha seu projeto eleitoral atropelado. Ele usou a coluna Giro, de O Popular, para mandar um recado em tom de ameaça ao partido, dizendo que pode procurar o Republicanos, por exemplo, para ter a sua liderança reconhecida.
Seu gesto, caso se concretize, seria uma “deslealdade” a Daniel Vilela, presidente estadual do partido, e um dos responsáveis pela sua indicação como candidato à convenção emedebista em 2016 à Prefeitura de Aparecida, na sucessão do pai, Maguito Vilela. O abandono do MDB por parte de Mendanha seria também uma desconsideração à memória de Maguito, responsável pela sua eleição para a prefeitura. Maguito sempre foi considerado por Mendanha o seu principal conselheiro político.
A vereadora aparecidense licenciada Valéria Pettersen, hoje secretária de Relações Institucionais, o deputado federal João Campos e o prefeito Rogério Cruz incentivam Gustavo Mendanha a trocar o MDB pelo Republicanos para ganhar “voos mais altos” na política goiana. O ex-governador Marconi Perillo e o ex-deputado federal Sandro Mabel também ‘botam pilha” para que Mendanha busque nova legenda partidária, caso o MDB feche acordo com o DEM do governador Ronaldo Caiado. Além do Republicanos, são oferecidos o PSDB e o Patriota como alternativas para o prefeito de Aparecida.
Mendanha não cogita deixar o MDB agora, mas não descarta a possibilidade de aventurar-se em outra legenda. Emedebistas aparecidenses lembram a Gustavo o exemplo de Antônio Gomide: prefeito bem avaliado de Anápolis em segundo mandato, deixou o cargo, disputou o governo de Goiás e amargou uma derrota humilhante. Daniel Vilela também recomenda cautela a Mendanha: fazer política fora do partido pelo qual construiu a sua trajetória, ao lado de Léo Mendanha e de Maguito Vilela, é um risco muito grande para o prefeito aparecidense.
Daniel e Mendanha sabem que o MDB está fragilizado em Goiás, em razão dos insucessos nas eleições de 2018 e 2020, quando seus candidatos foram derrotados para governador, deputado federal e prefeitos. Sequer lançou candidato ao Senado e não conquistou nenhuma vaga à Câmara Federal. De 43 prefeitos, viu sua representação cair para 29 – alguns estão de saída.
Os dirigentes emedebistas sabem que a legenda não tem estrutura competitiva nos 246 municípios goianos, o que prejudica qualquer campanha majoritária ou proporcional ao pleito do ano que vem, inviabilizando a montagem de uma agenda de campanha. Sem a presença do ex-governador e ex-prefeito Maguito Vilela, e do próprio Iris Rezende, que se afastou da vida pública, o MDB terá dificuldades em realizar campanhas fortes e competitivas para governador e senador em Goiás. (H.L.)