Sem Maguito, Daniel Vilela fica fora da eleição para o governo estadual
Com o incentivo e apoio do pai, o ex-prefeito Maguito Vilela, o bacharel em Direito e ex-jogador de futebol profissional Daniel Vilela (MDB) conquistou três mandatos eletivos: vereador em Goiânia, deputado estadual e deputado federal. Também respaldado por Maguito, Daniel disputou o governo de Goiás em 2018, ficando em 2º lugar, atrás do vencedor, Ronaldo Caiado, e à frente do então governador José Eliton (PSDB), que concorreu à reeleição.
Impulsivo, Daniel deixou de figurar na chapa de Caiado como candidato a vice-governador ou senador, provocando divisão na chamada oposição de centro-direita de Goiás. Sua aventura eleitoral trouxe sérios prejuízos ao MDB, que não venceu para governador, não lançou candidato a senador e não elegeu nenhum deputado federal.
Após a morte de Maguito Vilela, em 13 de janeiro último, Daniel Vilela iniciou um período de reflexão política e hoje parece propenso a não concorrer ao Palácio das Esmeraldas, descartando também enfrentar as urnas para o Senado Federal. Resta, portanto, a Daniel postular uma cadeira na Câmara dos Deputados, mandato que já exerceu, tendo, inclusive, assumido a presidência da importante Comissão de Constituição e Justiça, por indicação do MDB, a mais importante da Casa. O sonho de chegar ao Palácio das Esmeraldas, portanto, foi adiado por Daniel para, quem sabe, as eleições de 2026. Até lá, ele deve reorganizar a sua carreira política, tentando retornar ao Congresso.
Daniel, no exercício de três mandatos eletivos e no comando do MDB goiano, mostrou um perfil político diferente do pai, que priorizava o diálogo com as forças antagônicas, rejeitava os confrontos e pregava a conciliação. Daniel sempre apostou no conflito, no enfrentamento e no radicalismo, o que só lhe trouxe prejuízos e derrotas políticas.
Agora, um político do diálogo e da paz
Mesmo com o MDB no papel de oposição ao governo estadual, por decisão das urnas, em 2018, Daniel Vilela, após a morte do pai, mudou a sua relação pessoal com o governador Ronaldo Caiado (DEM). Em razão dos gestos de solidariedade e afeto de Caiado durante todo o tratamento de Maguito Vilela em São Paulo, Daniel voltou a conversar com o governador e restringiu as críticas ao governo do Estado. Com conversas frequentes no Palácio das Esmeraldas desde a internação de Maguito no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, Daniel e Caiado abriram uma janela para uma composição do MDB com o DEM nas eleições do ano que vem.
Nos diálogos reservados com aliados políticos, Daniel admite figurar na chapa de Caiado como candidato a vice-governador, mas sabe que a presença dele na chapa do governador sofre vetos da ala dissidente do MDB que se aliou ao democrata nas eleições de 2018, principalmente dos prefeitos Adib Elias (Catalão), Paulo do Vale (Goianésia), Fausto Mariano (Turvânia), ex-prefeitos Renato de Castro (Goianésia) e Ernesto Roller (Formosa), além do deputado federal José Nelto.
O presidente do MDB de Goiás também avalia a possibilidade de o ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende rever a sua “aposentadoria política” e retornar ao cenário eleitoral como candidato ao Senado da República. Daniel admite apoiar Iris caso seja essa a sua definição política, em uma eventual aliança com o DEM caiadista.
Discurso de oposição ficou para trás, na iminência da aliança entre MDB e DEM
A morte inesperada de Maguito Vilela, prefeito eleito e empossado de Goiânia, afetou não só emocionalmente como também produziu reflexões políticas a Daniel Vilela, um jovem que sempre exerceu a militância partidária sob a inspiração do pai. Daniel deixou de produzir lives agressivas em direção ao Palácio das Esmeraldas, deu um passo atrás nas ambições eleitorais e passou a rever posições e conceitos, como exemplo, o ato intempestivo de expulsar prefeitos do MDB por discordarem de suas decisões políticas, após as eleições de 2018.
O autoritarismo de Daniel chegou ao ponto de impedir que o então prefeito de Goianésia, Renato de Castro, concorresse à reeleição pelo MDB, mesmo estando com 45% das intenções de voto. A vingança de Daniel se confirmou contra Renato de Castro, que trocou a candidatura do emedebista pela de Ronaldo Caiado na corrida ao governo de Goiás em 2018.
Daniel Vilela tem dito, em diversas entrevistas, desde janeiro último, que o MDB não descarta a aliança com o DEM caiadista e que vai tratar das alianças e coligações a partir de janeiro próximo. Nas conversas de bastidores, sintomaticamente, Daniel tem ressaltado qualidades do governador Ronaldo Caiado: honradez pessoal, determinação, espírito público e coerência na defesa de suas ideias. Outro ponto relevante, na visão do dirigente emedebista, é a firmeza do governador no combate à improbidade administrativa.
O presidente do MDB goiano surpreendeu ao desautorizar o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, seu aliado político, a manter conversações com o PSDB do ex-governador Marconi Perillo para o pleito do ano que vem. Daniel diz que o MDB sempre divergiu dos “métodos e ações” adotados pelos tucanos no exercício do poder em Goiás.
Outro gesto de Daniel Vilela que chama a atenção do meio político: as frequentes conversas com Iris Rezende. O ex-deputado é visto, com frequência, no escritório político de Iris, no Setor Marista, em Goiânia. Daniel não tinha o hábito de conversas periódicas com o ex-prefeito.
Logo depois de sair do gabinete de Iris, há algumas semanas, Daniel não mostrou intransigência política, ao admitir que apoiará o emedebista caso seja, efetivamente, candidato ao Senado da República, deixando transparecer que seria uma homenagem a quem, por 62 anos, honrou o MDB, os goianos e os brasileiros ao exercer tantos cargos públicos, como de governador, ministro, senador, prefeito de Goiânia.
Daniel Vilela, ao se aproximar de Ronaldo Caiado e de Iris Rezende, dá demonstração de que os ensinamentos de Maguito Vilela – política se faz com concórdia, diálogo, recuos e conciliação – estão sendo seguidos pelo filho do ex-prefeito de Aparecida e de Goiânia e ex-governador de Goiás. “Preciso agora ser mais Maguito e menos Daniel”, tem dito ele. (H.L.)