Brasil

Editorial do Diário de Aparecida: A polêmica Copa América

O Brasil foi confirmado na última quarta-feira, 2, como a nova sede da Copa América de Futebol. Em um momento em que a média de mortes por Covid-19 no País ainda é alta, de mais de 1.800 por dia, é uma falta de respeito sem tamanho. Muito tem se discutido sobre uma suposta hipocrisia de quem ataca a realização da Copa América no Brasil e nada fala contra a continuidade de campeonatos de várias modalidades no País.

Porém, o ponto não é esse. O ponto é que o erro de se autorizar a realização de eventos esportivos no Brasil não é argumento para se cometer outro erro, trazendo para cá uma competição que nem seria disputada por aqui, originalmente. Em um mundo ideal, um país que sofre de forma tão dura os impactos trazidos pela Covid-19, como o Brasil, sequer deveria pensar em liberar o retorno das competições esportivas mesmo sendo duro para quem trabalha e tira seu sustento desta área. Infelizmente, não vivemos neste mundo ideal e os campeonatos seguem ocorrendo.

Entretanto, não se justifica trazer para cá uma competição de grande porte como essa, que terá deslocamentos de muitas pessoas em vários momentos. Inclusive, é importante lembrar que o torneio tinha como sede original a Argentina e não será disputado por lá justamente devido ao avanço da pandemia. Não estamos em uma situação melhor do que a de nossos vizinhos, pelo contrário. Teme-se a chegada de uma terceira onda ao Brasil que fatalmente nos elevaria ao topo do ranking de mortos em todo o planeta.

É preciso ter discernimento nessas horas para perceber que é um enorme desrespeito com as quase 500 mil pessoas que já morreram por conta desta doença, com suas famílias e com quem ainda tenta se proteger e não contrair o vírus. Por mais que haja toda a proteção do mundo a jogadores e delegações, e por mais que o público continue desautorizado a ir aos estádios acompanhar os jogos, é um acinte a Copa América acontecer neste momento no Brasil, pois isso passa ao mundo uma imagem de que pouco nos importamos com a pandemia. E para alguns, parece que pouco importa mesmo.

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