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70% dos brasileiros conhecem alguém desempregado

 Impacto da inflação é sentido por 96% dos brasileiros ao adquirirem alimentos e 52% da população enfrenta contas em atraso e obrigações bancárias

A atual crise econômica brasileira tem levado a população ao desespero. Cerca de 52% dos brasileiros acreditam que a inflação continuará a aumentar no próximo ano. Mais da metade dos brasileiros (também 52%) admitem ter contas pendentes ou atrasadas, um aumento de 4 pontos percentuais em relação ao ano anterior.

Buscando uma visão abrangente das expectativas dos brasileiros em relação à economia e empregos em 2023, a Hibou – uma empresa especializada em pesquisa de mercado e consumo – realizou um estudo com mais de 2 mil participantes de todo o país sobre dívidas, expectativas, carreira e futuro.

De acordo com Lígia Mello, coordenadora da pesquisa, o estado atual da economia está diretamente ligado à geração de empregos e renda, e os brasileiros estão percebendo isso.  “Infelizmente, a pesquisa retrata uma população mais endividada e desempregada do que em 2022. As pessoas estão procurando maneiras de lidar com a instabilidade que tanto afeta o bolso”, detalha.

A pesquisa revelou que 7 em cada 10 brasileiros conhecem alguém em sua rede de contatos que está atualmente desempregado. As três principais dificuldades encontradas para conseguir um emprego nos últimos dois anos são: a exigência de múltiplas competências avançadas nas descrições das vagas (44%); a desvalorização de profissionais com mais de 50 anos (42%); e a redução geral do consumo, resultando em menor demanda (40%).

Ainda foram citadas como causas de desemprego: a pandemia (38%) e a automação e inteligência artificial ocupando vagas de trabalho (22%).

Quando se trata de conseguir o emprego dos sonhos, o networking continua sendo a melhor estratégia, com 34% dos brasileiros recorrendo a recomendações de amigos. No entanto, a internet é uma importante aliada na busca por um emprego: 21% buscam em sites especializados; 14% no LinkedIn; e 3% em redes sociais. Cerca de 19% acreditam que o caminho é distribuir ou enviar currículos para empresas de sua área profissional, e 8% acreditam que realizar um curso em uma nova área pode ser um facilitador.

Crédito é uma armadilha para empregado e desempregado

O nível de endividamento aumentou em comparação a 2022. Atualmente, 52% dos brasileiros informam que eles ou algum membro de sua família têm contas em atraso. Em comparação, esse número era de 48% no ano passado.

 As principais dívidas são provenientes de cartões de crédito, contas básicas, boletos, impostos e outros: 53% das dívidas são de cartão de crédito (em comparação com 49% em 2022); 39% das dívidas são de contas de serviços básicos como luz, água, telefone ou gás (em comparação com 33% em 2022);35% das dívidas são de boletos ou crédito em geral em aberto (em comparação com 34% em 2022); 21% das dívidas são de parcelas de empréstimo; 20% das dívidas são de IPTU/IPVA; 19% das dívidas são de cheque especial; 9% das dívidas são de condomínio

Inflação causa impacto na decisão de compra

43% dos brasileiros afirmam ser fortemente influenciados pelas notícias sobre o aumento da inflação, fazendo escolhas mais cuidadosas sobre o que comprar. Em contraste, 8% afirmam não sentir o impacto, já que compram o que precisam no momento em que decidem comprar.

Além disso, 26% estão atentos às notícias econômicas e monitoram os preços dos produtos. 11% fazem orçamentos antes de ir às compras e apenas 2% compram tudo o que podem, temendo um aumento de preços.

A pesquisa mostrou ainda que a  inflação começa a afetar os bolsos dos brasileiros em diversos momentos da vida cotidiana:96% sentem o impacto da inflação nas compras de alimentos em mercados ou feiras (em 2022 eram 55%); 44% sentem isso ao comprar remédios (em 2022 eram 29%); 38% percebem a inflação ao abastecer seus veículos (em 2022 eram 63%); 26% notam em refeições fora de casa; 24% percebem ao comprar roupas, sapatos, acessórios; 11% mencionaram ao comprar bebidas no mercado e 8% sentem ao pagar escola ou material escolar.

Preço: Fator crucial na decisão de compra

Para contornar a instabilidade econômica, 57% dos brasileiros afirmam substituir produtos que normalmente compram por outros semelhantes se houver aumento de preço. Além disso, 21% não só trocam por outro produto, como também por outra marca.

Uma minoria de 13% opta por manter a compra de sua preferência, caso possam arcar com o produto mesmo após o reajuste. 8% disseram que não compram até que o preço do produto volte ao valor que costumavam pagar.

“Há também quase um terço da população que busca manter suas preferências e pesquisa em outros estabelecimentos à procura do preço que costumam pagar pelo mesmo produto”, afirma Lígia.

Lista de compras x Lista de desejos

Mais da metade dos brasileiros entrevistados (56%) revela que tenta economizar para comprar algo que deseja muito. 17% declaram que conseguem se controlar mensalmente, e 27% afirmam que realmente não conseguem economizar.

Na lista de desejos, os produtos de alto valor foram relegados ao segundo plano. 63% das pessoas não planejam comprar itens como smartphones, carros e smartTVs, que, por outro lado, estão na lista de compras de 15%, 13% e 10% dos entrevistados, respectivamente.

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Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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