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Editorial do Diário de Aparecida: O caso da Covaxin

Na última terça-feira, 22, uma terceira linha de investigação foi aberta na CPI da Pandemia. Os senadores querem saber se o governo federal pagou um valor 1.000% acima do oferecido inicialmente para comprar a vacina Covaxin, produzida na Índia. Cinco novos indícios de crime na compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, pelo Ministério da Saúde, foram identificados pelo Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com a procuradora da República Luciana Loureiro, que vinha conduzindo as investigações na esfera cível, “a omissão de atitudes corretivas” e o elevado preço pago pelo governo pelas doses da vacina tornam necessária a investigação criminal. A vacina da Covaxin foi a mais cara já comprada pelo governo brasileiro, no valor de R$ 1,6 bilhão por 20 milhões de doses, ou R$ 80,70 por imunizante.

Como comparação, uma dose do imunobiológico desenvolvido pela Universidade de Oxford e AstraZeneca custa menos de R$ 20. Esse é um viés, é um caminho, mas não é o único [para a CPI da Pandemia]. De fato, há muita suspeição envolvendo essa empresa Precisa Medicamentos e uma outra chamada Global, dos mesmos donos. Isso causou uma atenção redobrada por parte do MPF. Do ponto de vista político, [o Palácio do Planalto] certamente terá danos.

A CPI cuida de fatos com repercussões jurídicas. É precoce dizer que o presidente da República é ou será investigado pela prática de um crime, mas, de acordo com senadores, o que se pode dizer é que há “indícios gravíssimos” do cometimento de crime no âmbito do Ministério da Saúde e um indício forte de que Jair Bolsonaro teve acesso a essas informações e não tomou nenhuma providência.

O que a sociedade espera é que, seja no âmbito jurídico (MPF) ou em âmbito político (CPI), os fatos sejam esclarecidos e, caso haja culpados, que sejam responsabilizados pelos atos de negligência adotados em uma pandemia que já matou meio milhão de brasileiros.

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