Leitos particulares de UTI’s para Covid-19 em Aparecida chegam a 100% de ocupação
A ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) voltados ao tratamento da Covid-19 não para de se expandir em Aparecida de Goiânia. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) do último domingo, 27, o número na rede privada era de 100%, com registro superior à média estadual, que é de 86,92%. Já no sistema público municipal estava em 62%, de acordo com informações do Painel da Covid-19 da cidade. Conforme a SES-GO, a ocupação geral (pública e privada) no município estava em 73,77%.
De acordo com a SES-GO, a situação do Hospital São Silvestre é ainda pior. Por lá, a ocupação de leitos de UTI’s voltados ao tratamento da doença continuam em 100%, enquanto no Hospital Garavelo aumentou para 97,73%. Já no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), a ocupação estava em 59,68% até a tarde de domingo, 27, quando teve a última atualização do balanço.
A taxa de ocupação de leitos é um dos principais indicadores, dentre oito, para análise da taxa de risco do município. Os outros são: taxa de letalidade; número de casos ativos; o número de novos casos ativos por dia; o percentual de resultados positivos entre os exames do tipo RT-PCR realizados; o tempo médio para obtenção dos resultados dos testes, e o percentual de profissionais de saúde afastados.
O cenário pandêmico de Aparecida passa por avaliação. Há preocupação quanto aos índices a serem averiguados para aumento, ou não, das restrições no município. Nova reunião do Comitê Municipal de Prevenção e Enfrentamento à Pandemia deve ser realizada ainda esta semana para avaliação dos indicadores.
A tendência é de que a definição das medidas a serem adotadas aconteça na reunião do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, marcada para esta semana, mas ainda sem data definida. No entanto, a avaliação interna dentro do próprio comitê é de que o mapa de calor já está em cenário amarelo, mesmo o município adotando o modelo menos restritivo do escalonamento por macrozonas. Atualmente cada macrozona fecha uma vez durante a semana, sem fechamentos nos fins de semana.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial da Região Leste de Aparecida de Goiânia (Acirlag), Maione Padeiro, aponta que a preocupação é geral, sobretudo em setores já desgastados com a pandemia, como bares, restaurantes e ligados a eventos. Porém, ele lembrou que pequenos comércios, como salões de beleza, barbearia, assistência de celular, também sofrem diretamente com o maior número de restrições.
A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), por meio de nota, aponta que os hospitais associados estão cheios, mas não lotados. “A taxa de ocupação dos leitos exclusivos para pacientes com Covid-19 na rede de associados da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) vem aumentando nos últimos dias. Os hospitais estão cheios, mas não lotados, porém esse aumento preocupa, uma vez que a capacidade de ampliação de leitos exclusivos é limitada. A Ahpaceg monitora diariamente essa taxa de ocupação e volta a alertar sobre a importância da vacinação e do reforço das medidas para conter a proliferação dos casos”, informa o comunicado oficial da entidade.
Zoneamento
Aparecida de Goiânia adotou um modelo diferente do restante da região metropolitana: semelhante a 2020, a cidade foi dividida por macrozonas, algumas das quais com funcionamento de comércio permitido durante alguns dias da semana, a depender da gravidade da situação da pandemia. Baseado no Painel da Covid-19 da cidade, desde o início da pandemia no ano passado, há 71.049 casos confirmados, sendo que 224 nas últimas 24 horas, com 1.391 óbitos em decorrência da Covid-19.
Para especialistas em saúde, o aumento no número de ocupação de leitos de UTI’s, além de casos e mortes, é reflexo da flexibilização das medidas de distanciamento social. “Não é hora para aglomeração. A gente não tem vacina para todo mundo. Se a gente não tiver uma cobertura vacinal, a gente não pode liberar tudo. Precisamos ter restrição. Ainda é um momento de atenção”, afirmou o médico infectologista Marcelo Daher.
A médica infectologista do Hospital Órion e da Polícia Militar Juliana Barreto adverte que não é o momento de relaxar nas medidas de contenção do vírus no Estado. “Quanto mais as pessoas colaborarem, mesmo entendendo toda a dificuldade econômica que se tem no momento no nosso País, no nosso Estado, mais rapidamente tudo poderá ser aberto com todas as condições de segurança.”
A infectologista lembra que a vacina contra a Covid-19 é a arma ideal para combater a doença: “Vacinar em massa a população é a nossa esperança para redução e controle da doença, já que nós já sabemos que não há nenhuma medicação profilática, ou seja, preventiva, contra o coronavírus. A medicação preventiva é a vacina. E a vacina, junto com as medidas de segurança, lavagem correta das mãos, uso das máscaras a todo tempo e distanciamento social, é que vai levar à superação da pandemia.”
Levantamento mostra taxa de internação em UTI’s acima de 90% em metade das cidades
Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), realizado entre a última segunda e quinta-feira (21 a 24), aponta que a ocupação de leitos de UTI para Covid-19 está acima de 90% em metade das cidades do País que responderam à pesquisa, e que a situação é ainda pior nas regiões Sul e Sudeste. Em entrevista à CNN, o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, explicou os números.
Segundo a pesquisa, dos 2.747 municípios que responderam o estudo, 30,5% afirmaram que a ocupação dos leitos está acima de 95% e outros 19,1% disseram ter lotação acima de 90%. “A situação mais crítica é no Sul e no Sudeste, mas, se extrapolarmos para o total de 5.570 municípios do País, o número é mais alarmante”, afirmou Ziulkoski à CNN.
Ele ressaltou que a resposta ao questionário entre as regiões do País foi desigual, o que pode ter levado à conclusão de que Sul e Sudeste estejam em situação mais crítica que as demais. “82% dos municípios do Sul responderam, no Nordeste foram 35% e no Norte cerca de 30%. Se basearmos no total dos que responderam, a parte mais aguda, com mais aceleração, é no Sul e no Sudeste.”
Outro dado apontado na 14ª semana de pesquisa é um aumento na ocupação de leitos de enfermaria. “Isso pressiona para o aumento nas UTIs e preocupa muito. A grande verdade é que estamos estabilizados em nível nacional, mas num patamar muito alto, um número bastante preocupante”, disse Ziulkoski. “Não gostaríamos de admitir, mas os últimos dados indicam até um crescimento e não podemos aceitar mais de 2 mil mortes por dia.”
Para que a situação no País não se agrave, Ziulkoski defende a coordenação em nível nacional. “O governo federal, pelo SUS, deveria traçar normas técnicas e legais e fornecer recursos ou insumos, isso não está ocorrendo, recai muito nos municípios. Se tivéssemos vacina disponível, estaríamos vacinando cerca de 50 a 60 milhões de pessoas por mês. Os municípios fazem seu trabalho, quem não fez foi a União em se planejar melhor, embora haja um pouco mais de planejamento agora”, criticou. (E.M.)