Aparecida

Com pandemia desequilibrada, Aparecida já registra 1.422 óbitos por Covid-19

Aparecida de Goiânia ultrapassou a marca de 1.400 mortes por Covid-19 e registrou, segundo balanço do Boletim Epidemiológico do município de domingo, 4, 1.422 óbitos em decorrência do vírus, com quatro confirmados nas últimas 24 horas. A primeira morte pela doença na cidade ocorreu em abril do ano passado. Só em 2020 houve 590 registros de mortes por conta da doença em Aparecida. Até o início de 2021, esse número é de 832, uma alta de 41,01%. Apesar de o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 classificar o município no cenário verde (risco baixo), Aparecida retornou esta semana para situação de calamidade no mapa de risco da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). A Capital permanece em situação crítica.

O aumento no número de mortes por Covid-19 em Aparecida é a consequência do modelo de escalonamento do comércio adotado pela prefeitura. Desde que a prefeitura adotou esse sistema, além de casos e mortes, a ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) aumenta vertiginosamente dia após dia. De acordo com o último dado do Painel da Covid-19, de domingo, 4, ela estava em 67% na rede pública e 65% na particular. Já a ocupação geral (pública e privada) é de 71%.

Até hoje, o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) insiste em afirmar que o modelo de abertura escalonada do comércio, indústria e serviços teria ajudado a estabilizar o avanço da doença, porém o que se vê desde dezembro é o avanço da pandemia na cidade. Imagens chocantes mostradas em edições passadas do Diário de Aparecida nos cemitérios locais exibiram uma sequência de valas abertas para receber caixões – em dezembro, eram cerca de duas mortes por dia, índice que se manteve em janeiro; em fevereiro subiu para aproximadamente cinco mortes por dia, e em março superou oito mortes por dia. Apesar de ter abaixado, em abril a média de mortes esteve em 7,4. Em junho, esse número está em quase quatro mortes por dia.

Um dos fatos polêmicos em relação às falhas do isolamento social foi a autorização para o funcionamento dos motéis. E ainda as feiras livres, como a do Setor Garavelo, também autorizadas pela prefeitura, acabaram virando cenário de aglomerações, uma situação de risco, já que o índice de ocupação de UTIs na cidade continuava aumentando. Além disso, recentemente, a prefeitura liberou o funcionamento de atividades de lazer e eventos sociais públicos, privados e corporativos e o funcionamento de eventos sociais e cinemas.

De acordo com a SES-GO, municípios que estão em situação de calamidade deverão adotar procedimentos padronizados. No caso, o entendimento das autoridades em saúde é de que haja a interrupção de todas as atividades, exceto supermercados e congêneres, farmácias, postos de combustíveis e serviços de urgência e emergência em saúde. A nota técnica define ainda que, caso seja observada piora nos indicadores, cada região manterá as medidas restritivas respectivas a cada situação por pelo menos 14 dias.

Especialistas
Para especialistas em saúde, o aumento no número de casos é reflexo da flexibilização das medidas de distanciamento social. “Não é hora para aglomeração. A gente não tem vacina para todo mundo. Se a gente não tiver uma cobertura vacinal, a gente não pode liberar tudo. Precisamos ter restrição. Ainda é um momento de atenção”, afirmou o médico infectologista Marcelo Daher.

A médica infectologista do Hospital Órion e da Polícia Militar Juliana Barreto adverte que não é o momento de relaxar nas medidas de contenção do vírus no Estado. “Quanto mais as pessoas colaborarem, mesmo entendendo toda a dificuldade econômica que se tem no momento no nosso País, no nosso Estado, mais rapidamente tudo poderá ser aberto com todas as condições de segurança”.

A infectologista lembra que a vacina contra a Covid-19 é a arma ideal para combater a doença. “Vacinar em massa a população é a nossa esperança para redução e controle da doença, já que nós já sabemos que não há nenhuma medicação profilática, ou seja, preventiva, contra o coronavírus. A medicação preventiva é a vacina. E a vacina, junto com as medidas de segurança, lavagem correta das mãos, uso das máscaras a todo tempo e distanciamento social, é que vai levar à superação da pandemia.”

O descontrole da pandemia em Aparecida é fruto da confirmação de um recente estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de que o município tem alta tendência de aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) em curto ou longo prazo. De acordo com a pesquisa, poderia haver um aumento na quantidade de hospitalizações por coronavírus, seguido pelo crescimento no número de mortes ocasionadas pelo vírus. O levantamento da Fiocruz leva em conta que Goiás está entre as 17 unidades da Federação com pelo menos uma Macrorregião de Saúde em estado crítico no controle da pandemia. Segundo a pesquisa, a Macrorregião do Estado com alto aumento de tendência do Srag é a Centro-Sudoeste, que inclui as regiões da Estrada de Ferro, polo Catalão; Centro-Sul, polo Aparecida; e Sul, polo Itumbiara.

Recentemente, Aparecida de Goiânia descobriu 13 casos de reinfecção por coronavírus, através do sequenciamento genômico realizado pela prefeitura. São nove mulheres e quatro homens, com idade média de 36 anos, que tiveram contato duas vezes com a Covid-19 e apresentaram sintomas. Os casos foram descobertos a partir de testes e encaminhados à Fiocruz para análise. Ao todo, a Secretaria Municipal de Saúde produziu sequenciamento genômicos em 767 amostras colhidas a partir de 300 mil exames RT/PCR realizados na cidade. Com isso, foi possível identificar as 13 reinfecções. Nenhum dos casos registrados de reinfecção, entretanto, precisou de internação.

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