Editorial do Diário de Aparecida: Um novo despertar
A pandemia sacudiu a economia, adiou planos e sonhos, apressou o fim de relacionamentos quarentenados, isolou amores de toda ordem, redefiniu o mundo do trabalho, multiplicou a ansiedade, polarizou mais o mundo, transferiu a sala de aula para dentro de casa, encolheu a renda, encurtou a vida. De muitos, infelizmente.
Por tudo isso e um pouco mais não é tão difícil sentir como se o mundo estivesse de cabeça para baixo e com as prioridades invertidas, mas causa espanto ver tantas manifestações em defesa daquilo que talvez não devesse ter lugar em qualquer época. Que dirá em tempos como estes.
Assistimos de cá o início da imunização em massa no Reino Unido. Enquanto seguia, e ainda segue por aqui, a politização em torno da vacina, o que tem nos levado a situações esdrúxulas, para dizer o mínimo. O contador de mortos e leitos ocupados, de hospitais lotados, de falácias, desmandos e inversão de prioridades não nos deu trégua nos primeiros meses de 2021.
Na disputa pelo que pode ou não fazer diferença no pleito presidencial – que ainda será no ano que vem, se um meteoro não acabar com tudo antes -, a CPI da Covid, no Senado Federal, tem deixado cada vez mais claro aos brasileiros que o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro sujou as mãos do presidente com o sangue de muitos que perderam a luta contra o novo coronavírus, além da negociação tardia para a compra de vacinas.
Quase como que em um efeito cascata, ao que tudo indica, em 2022 o Brasil tomará novos rumos nas eleições presidenciais. A mudança poderia representar um novo despertar no pós-pandemia que estaremos vivendo ainda nesse futuro próximo. Porém, corre-se o risco do país dar uma guinada, mas retornando a um passado recente, de governança da extrema-esquerda. É preciso uma avaliação profícua dos possíveis cenários que teremos em cada caminho que a sociedade optar, para que escolha seja consciente e não mais, um tiro no escuro, como aconteceu em 2018.