Aparecida

Editorial do Diário de Aparecida: O arcaico Mendanha

A reportagem do Diário de Aparecida, esta semana, mostrando a falta de apoio da prefeitura municipal aos movimentos de afirmação das mulheres em Aparecida relembrou, mais uma vez, a questão do secretariado do prefeito Gustavo Mendanha – onde a presença masculina é esmagadora, a tal ponto que, das 28 pastas, 27 são ocupadas por homens.

Mendanha costuma defender a sua gestão como moderna e avançada, mas esconde a marginalização de gênero que pratica à sua própria volta. Pior: no Poder Legislativo, de um total de 25 cadeiras, 23 estão entregues a homens e apenas duas a mulheres (uma vereadora, Valéria Pettersen, licenciada, com o seu lugar ocupado por um representante do sexo masculino, portanto, no momento, são 24 a 1). A composição da Câmara expõe a falta de articulação política do prefeito e o seu desinteresse em estratégias afirmativas para a abertura de espaço para a representação feminina em Aparecida.

O “machismo” de Mendanha contrasta com outras esferas do setor público em Goiás, como o governo estadual ou as prefeituras de Goiânia, de Anápolis e de Senador Canedo, que contam com um elevado número de colaboradoras em posições de destaque – em reconhecimento à relevância das mulheres na sociedade contemporânea, depois de séculos e séculos de injusta marginalização e inaceitável preconceito.

Infelizmente, o poder e a política municipal aparecidense estão defasados diante da nova realidade que permeia a maioria dos povos, em que são garantidos lugares de projeção para que as vozes do sexo feminino possam ser ouvidas. É direito delas, não concessão dos homens. Se, nesse sentido, surgir em Aparecida a compreensão de que essa situação significa involução e arcaísmo e não interessa à sociedade, já daremos um passo adiante. É essa a batalha do Diário de Aparecida, que não quer fazer críticas a quem quer que seja, mas fundamentalmente um chamamento à conscientização das autoridades que têm em mãos condições para mudar esse triste cenário.

Nenhum gestor público é moderno encarapitado à testa de uma equipe de auxiliares que reproduz, na sua composição, preconceitos e discriminações comuns no passado, mas verdadeiramente inaceitáveis ao se propor à continuidade de um modelo de visão do mundo que está hoje superado. É o caso de Gustavo Mendanha, o jovem que tem cabeça de velho e precisa ser julgado não pela propaganda fantasiosa que faz de si mesmo, mas pelos atos e fatos concretos que protagoniza como prefeito do 2º centro urbano mais populoso de Goiás, não de uma corrutela.

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