Aparecida

Prefeito aponta punhal para as costas do “irmão” a quem ele diz dever tudo

Sem Daniel Vilela, Gustavo Mendanha não seria hoje mais que vereador em Aparecida e, portanto, político do ultra baixíssimo clero e sem importância alguma na esfera estadual.

Em 2014, o então prefeito de Aparecida Maguito Vilela queria lançar para a sua sucessão o também então secretário de Captação de Recursos de Aparecida, o competente e preparado ex-deputado federal Euler Morais – homem que sempre desfrutou e honrou a confiança da família Vilela.

O pai de Gustavo, o ex-deputado Léo Mendanha, que faleceu neste ano vítima da Covid-19, rebelou-se, ameaçando rachar o MDB aparecidense caso o escolhido não fosse o seu filho, na época vereador e presidente da Câmara Municipal.

Maguito, um prefeito muito acima das picuinhas e do provincianismo da política aparecidense, uma das mais atrasadas de Goiás, onde tudo se resolve com cargos na prefeitura (o método que Mendanha usou para eliminar a oposição, cooptada para a folha de pagamento), não se importou com as bravatas de Léo Mendanha. O candidato seria mesmo Euler Morais, bancado pelo prestígio direto de que desfrutava junto ao eleitorado local.

Foi aí que Daniel Vilela, já deputado federal, meteu a sua colher de pau no doce. Identificando-se com Mendanha, até mesmo por ter a mesma idade (um ano de diferença), ele trabalhou duro junto ao pai para o convencer de que a candidatura do pimpolho de Léo Mendanha seria mais promissora, ao contrário de Euler Morais, naquele instante com quase 70 anos.

Surpreendendo a todos, Maguito cedeu e ungiu Gustavo, que aparecia nas pesquisas com menos de 2,5% das intenções de votos. Mas, impulsionado pelo apoio, Mendanha saiu da condição de poste para a vitória, dado ao aval recebido daquele que ele passaria a chamar de “padrinho” político e cujos conselhos obedeceria cegamente até que a Covid-19 acabou com essa relação.

Essa história, que todos em Aparecida conhecem, explica a ascensão de Mendanha, que acabou eleito duas vezes para a prefeitura e agora, em vez de mostrar gratidão, trabalha para esvaziar os planos de Daniel Vilela para chegar ao governo do Estado. Não é exagero dizer que ele, Mendanha, deve tudo o que é a Daniel.

Mas, entre os seus auxiliares, principalmente os de convivência próxima, a conversa é outra. “O Gustavo é a liderança mais importante do MDB. O Daniel vem em 2º lugar. Não é justo ele continuar prejudicando a carreira para favorecer quem está abaixo dele”, dizem. É hora de sair da “sombra”. Sinal claro de que o punhal já foi retirado da bainha.

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