Aparecida é responsável por cerca de 8% das mortes por Covid-19 de Goiás
Goiás ultrapassou a triste marca de 20 mil mortes por Covid-19 e atingiu, segundo dados deste domingo, 18, do Painel do Coronavírus da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), e atingiu 20.063 óbitos em decorrência do vírus no Estado. Desse total, 7,30% é de Aparecida de Goiânia, que já registrou, desde o início da pandemia, 1.466 mortes pela doença, com 3 confirmados nas últimas 24 horas, de acordo com dados do último sábado, 17, do Painel da Covid-19 da Secretaria Municipal de Saúde. Brasil conta com 541.323 mortes da doença, de acordo com informações do último sábado, 17, do Consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.
O aumento no número de mortes por Covid-19 em Aparecida é a consequência da adoção do modelo de escalonamento do comércio pela prefeitura em março deste ano. Desde que a prefeitura adotou esse sistema, além de casos e mortes, a ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) aumenta vertiginosamente dia após dia. De acordo com o último dado do Painel da Covid-19, de domingo, 4, ela estava em 59% na rede pública e 81% na particular. Já a ocupação geral (pública e privada) é de 71%.
Até hoje, o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) insiste em afirmar que o modelo de abertura escalonada do comércio, indústria e serviços teria ajudado a estabilizar o avanço da doença, porém o que se vê desde dezembro é o avanço da pandemia na cidade. Imagens chocantes mostradas em edições passadas do Diário de Aparecida nos cemitérios locais exibiram uma sequência de valas abertas para receber caixões – em dezembro, eram cerca de duas mortes por dia, índice que se manteve em janeiro; em fevereiro subiu para aproximadamente cinco mortes por dia, e em março superou oito mortes por dia. Apesar de ter abaixado, em abril a média de mortes esteve em 7,4. Em junho, esse número esteve em quase quatro mortes por dia.
Um dos fatos polêmicos em relação às falhas do isolamento social foi a autorização para o funcionamento dos motéis. E ainda as feiras livres, como a do Setor Garavelo, também autorizadas pela prefeitura, acabaram virando cenário de aglomerações, uma situação de risco, já que o índice de ocupação de UTIs na cidade continuava aumentando. Além de não tomar medidas enérgicas de combate à doença, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia suspendeu recentemente o escalonamento desde a última segunda-feira, 12, e permitiu ainda mais a flexibilização do comércio e atividades não essenciais.
De acordo com a Portaria Nº 094/2021-GAB/SMS publicada no Diário Oficial Eletrônico (DOE) na última quinta-feira, 15, o regime de escalonamento pode ser retomado se Aparecida registrar índices elevados de ocupação de leitos de UTI, variação na média móvel de casos e avanço na velocidade de transmissão.
Para especialistas em saúde, o aumento no número de internação é reflexo da flexibilização das medidas de distanciamento social. “Não é hora para aglomeração. A gente não tem vacina para todo mundo. Se a gente não tiver uma cobertura vacinal, a gente não pode liberar tudo. Precisamos ter restrição. Ainda é um momento de atenção”, afirmou o médico infectologista Marcelo Daher.
A médica infectologista do Hospital Órion e da Polícia Militar Juliana Barreto adverte que não é o momento de relaxar nas medidas de contenção do vírus no Estado. “Quanto mais as pessoas colaborarem, mesmo entendendo toda a dificuldade econômica que se tem no momento no nosso País, no nosso Estado, mais rapidamente tudo poderá ser aberto com todas as condições de segurança.
Vacinação
A infectologista lembra que a vacina contra a Covid-19 é a arma ideal para combater a doença. “Vacinar em massa a população é a nossa esperança para redução e controle da doença, já que nós já sabemos que não há nenhuma medicação profilática, ou seja, preventiva, contra o coronavírus. A medicação preventiva é a vacina. E a vacina, junto com as medidas de segurança, lavagem correta das mãos, uso das máscaras a todo tempo e distanciamento social, é que vai levar à superação da pandemia”.
Embora haja uma previsão de aumento no ritmo de vacinação contra a Covid-19, as medidas de distanciamento, isolamento, uso de máscaras e higienização das mãos devem ser mantidas sem flexibilização. A orientação é da infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi. “O anúncio de que a vacinação está acelerando não nos permite relaxar nenhuma medida de bloqueio da transmissão”, afirma em entrevista à CNN.
De acordo com a SES-GO, municípios que estão em situação crítica deverão adotar procedimentos padronizados. No caso, deve-se reduzir a capacidade de atendimento em atividades de alto risco de contaminação, como bares e instituições religiosas – ambos passam a ter permissão para ocupar 30% da capacidade. Já as atividades de baixo risco, como salões de beleza, barbearias, shoppings e centros comerciais, ficam com o limite de 50% de utilização. Eventos, transporte coletivo e outros setores terão restrições específicas.