Aparecida

Editorial do Diário de Aparecida: A falsa unanimidade

“Ninguém neste país tem opinião. Opinião, aqui, é a opinião do Imperador. Não há outra”, dizia Dom Pedro I durante o seu curto reinado como soberano dos brasileiros recém emancipados de Portugal pela Declaração da Independência de 7 de setembro de 1822.

Era delírio de Dom Pedro. Mas também uma lembrança que serve como uma luva para o comportamento do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, que usa as burras da prefeitura para cooptar com cargos e salários a totalidade da classe política municipal, inclusive, graças a esse subterfúgio, eliminando qualquer vestígio de oposição.

“Nenhum político de Aparecida tem opinião. Opinião é a de Gustavo Mendanha. Não há outra”. Pode-se adaptar assim a frase do Imperador, que, coincidentemente, também “comprava” os políticos da sua época com títulos nobiliárquicos e pensões vitalícias pagas pelo tesouro nacional, construindo em torno do seu nome um simulacro de autoridade que não resistiu à primeira crise que enfrentou, em 1831, e o levou à abdicação.

Esse tipo de estratégia constrói consensos de fachada que não servem à formação da verdadeira liderança – que é baseada em princípios de caráter, inteligência e uma ação proativa em favor da convivência democrática entre os contrários, produzindo-se o estabelecimento da vontade da maioria livre e autêntica. Não é o que ocorre em Aparecida. Não é o que é o sr. Gustavo Mendanha.

E os fatos estão aí a comprovar. Fora de Aparecida, o prefeito não tem o apoio de nenhum dos 27 colegas que também administram municípios, como se viu agora no episódio em que todos assinaram um manifesto em favor do apoio do MDB à reeleição do governador Ronaldo Caiado. Contra, somente Mendanha, isolado e marginalizado do conjunto da agremiação partidária que integra.

O Diário de Aparecida, que tem sede em Aparecida, mas é um jornal estadual, reserva-se ao direito de contrariar o prefeito e manifestar livremente opiniões que não são apenas suas, mas de parcela expressiva das aparecidenses e dos aparecidenses, em especial aqueles esquecidos pela prefeitura – omissa quanto aos benefícios que deveriam levar a eles chegando. Com muito orgulho, dizemos NÃO às tentativas de cooptação e erguemos a nossa voz para denunciar a Goiás a verdadeira realidade que humilha um centro urbano onde o debate de ideias foi sufocado.

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