Empresários do ramo de supermercados e lojas agropecuárias são presos em Goiânia
Nesta última fase da Operação Piratas do Campo, realizada pela a Polícia Civil, através da Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas (Decar), com apoio de várias delegacias especializadas, da Polícia Penal e da Secretaria da Economia, no dia 21, foi concluída as investigações que tiveram início em janeiro do ano passado. Os investigados, entre eles, empresários de supermercados e do comércio agropecuário, foram presos com a acusação de crimes de roubo de cargas e defensivos agrícolas.
O delegado da Decar, Alexandre Bruno que esteve à frente das investigações, afirmou em entrevista coletiva que, os trabalhos tiveram início após um aumento significativo desses tipos de crimes. “Ao todo, dez pessoas foram presas, entre mandados de prisão temporária e preventiva. Entre elas, estão donos de casas agropecuárias e supermercados em Goiânia e também investigados residentes nas cidades de Novo Progresso, no Pará, e Luiz Eduardo Magalhães, no estado da Bahia. Os policiais civis cumpriram ainda 18 mandados de buscas e apreensões. Na ocasião, foram apreendidos mais de R$ 100 milhões em defensivos agrícolas e gêneros alimentícios, todos eles oriundos de roubos praticados em propriedades rurais e cargas embarcadas nas rodovias. Além de 5 veículos e dinheiro em espécie e produtos agropecuários”, esclareceu.
O grupo criminoso
Após um ano e meio de investigações a polícia descobriu que se tratava de uma grande e complexa organização criminosa com raio de ação em cinco estados brasileiros, são eles: Goiás, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Pará e Tocantins. “ A organização criminosa era liderada por membros de uma mesma família (pai, mãe, filho e enteado), todos presos nesta última etapa da operação. A família contratava pessoas para roubar defensivos agrícolas em grandes fazendas e em caminhões que transportavam o referido produto”, explicou o delegado.
Da carga
A Polícia Civil constatou que os caminhões eram levados para galpões no Mato Grosso e Goiás. Nestes imóveis, existiam sofisticadas aparelhagens de indústria química, usadas para adulteração dos defensivos que aumentam a quantidade da litragem em cem vezes mais do que o original (vinte litros se transformavam em 200 litros). Após a falsificação dos defensivos, os criminosos os reembalavam em galões idênticos aos de grandes indústrias, como Bayer e Syngenta, com etiquetas, selos e vasilhames que chamaram a atenção pela semelhança aos originais. Os produtos falsificados eram então colocados à venda em grandes empresas localizadas em várias capitais do país.
Prejuízos
Segundo o delegado, grandes lavouras de milho e soja foram completamente destruídas pelo uso desses produtos classificados o que causou prejuízos de substancial monta aos produtores rurais e ao meio ambiente. Até o momento, a polícia soma um valor de mais de R$ 100 milhões. “Donos de gráficas e empresas de embalagens envolvidos no esquema também foram presos na operação. Somadas todas as etapas da Operação Piratas do Campo, mais de 20 pessoas já foram presas. O líder da organização criminosa chegou a ameaçar de morte, inclusive, um Promotor de Justiça de Minas Gerais. Todos os bens móveis, imóveis e valores terão suas propriedades perdidas em razão de medidas judiciais a serem protocolizadas”, enfatizou.
Pena
Os investigados responderão pelos de crimes: roubos majorados com emprego de arma de fogo (crime mediante violação ou grave ameaça), concurso de pessoas e restrição da liberdade da vítima; receptação qualificada, crimes contra a ordem tributária, organização criminosa e lavagem de dinheiro.