Aparecida

Mito de eleição vencida com 98,8% dos votos é invenção de Mendanha

Não corresponde à verdade o mito inventado e distribuído diariamente pelas redes sociais do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha e dos seus divulgadores de que ele venceu a eleição municipal de 2020 com 98,8% dos votos.

Esse número, aparentemente fantástico, esconde uma série de situações, que têm sido desvendadas aos poucos por veículos de comunicação sérios como o Jornal Opção e este Diário de Aparecida, além de alvo de críticas de políticos como o presidente estadual do PSD Vilmar Rocha e o deputado federal Major Vítor Hugo, do PSL.

É fato incontestável que Mendanha foi eleito com uma boa votação. Mas os percentuais que ele propagandeia dizem respeito exclusivamente aos votos válidos, isto é, os que foram efetivamente apurados através das urnas eletrônicas. No conjunto do eleitorado de Aparecida, o atual prefeito chega, no máximo, a pouco mais de 50% dos inscritos na Justiça Eleitoral do município.

O Jornal Opção fez as contas e deixou claro: “Mendanha obteve 197.491 votos em 2020. Não há dúvida, uma excelente votação. Mas há detalhes que precisam ser dimensionados. O que não se diz, nas reportagens encomiásticas, é que 111.258 eleitores não votaram em Mendanha. Vamos apresentar os números para os leitores entenderem, de maneira abrangente, o que se está dizendo”, esclarece o jornal, apresentando a seguir o que foi o resultado real da disputa pela prefeitura aparecidense no ano passado:

“Na eleição de 2020, 79.799 eleitores decidiram não votar, 8.066 eleitores votaram em branco e 14.862 anularam o voto. O somatório é: 102.628 votos (o equivalente a 35% do eleitorado). E há mais dados. A candidata Márcia Caldas obteve 6.235 votos (3,02%) e o candidato Bruno Felipe conquistou 2.395 votos (1,16%). Conclusão: 111.258 eleitores (cerca de 40%) não votaram em Mendanha — o que é um número bem significativo”.

Ou seja: 40% do eleitorado de Aparecida, de alguma forma, não endossou o 2º mandato para o atual prefeito. Como diz o Jornal Opção, ele obteve uma “excelente votação”, porém passando longe da unanimidade que ele apregoa e do mito dos 98,8% de votos, que se espalha sem a clareza de que esses são os “votos válidos” e nunca a totalidade dos eleitores do município.

O segundo ponto quanto ao mito inventado e disseminado sobre a eleição de 2020 em Aparecida é que não houve oposição. Toda a classe política local foi cooptada pelo prefeito com a distribuição abundante de cargos na prefeitura, onde a folha de pagamento abriga toda e qualquer liderança aparecidense, desde que minimamente consistente.

Presidentes de partidos, vereadores, suplentes, ex-vereadores, ex-secretários, todos, enfim, recebem seus salários mensalmente, grande parte em prestar qualquer tipo de serviço de interesse para a população.

É como, em uma corrida de cavalos, apenas um competidor se apresentar e vencer. Ou um competidor preparado contra dois “pangarés”, que foi o que ocorreu em Aparecida, onde Mendanha teve como concorrentes dois adversários lançados à última hora e sem uma base eleitoral definida ou sustentável.

Conclusão: Os dados, que ficam propaganda ufanista, indicam que, sim, há uma oposição silenciosa à Mendanha. O que faltou mesmo foi um candidato que pudesse expressar a insatisfação com o prefeito. A rigor, considerando todos os eleitores, pode-se falar que o emedebista obteve uma excelente votação — que não deve ser desmerecida. Mas muitos eleitores não o escolheram, o que o percentual de 95,81%, que só considera os votos válidos, “esconde”.

Esse foi o ponto levantado por Vilmar Rocha, ao sugerir que Mendanha pode não ser nenhum fenômeno e apenas um prefeito que soube usar os cofres da prefeitura para eliminar a oposição. Com o Major Vitor Hugo observando que o “menino de Aparecida” tem um grave defeito: é ideologicamente vazio, o que significa que não tem uma visão de futuro para Goiás nem qualquer tipo de proposta além das fronteiras do seu município.

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