Bruno Fratus fatura bronze e conquista medalha olímpica que tanto buscou nos 50 m livre
DANIEL E. DE CASTRO
TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – Na primeira tentativa, em 2012, Bruno Fratus ficou com a quarta posição nos 50 metros nado livre, a dois centésimos do pódio. Na segunda, em 2016, a decepção com o sexto lugar agravou um quadro de depressão. Na terceira, em Tóquio, em 2021, o brasileiro conquistou a tão desejada medalha olímpica.
Na noite deste sábado (31), o velocista de 32 anos ficou com o bronze ao completar a prova mais rápida dos Jogos em 21s57. O lugar no pódio no centro aquático de Tóquio se materializou como recompensa para um atleta obstinado e que na última década sempre brigou para chegar entre os primeiros.
Um dos mais regulares dos 50 m, ele já completou a distância abaixo de 22 segundos em 91 ocasiões, bem à frente do segundo colocado nesse critério, o americano Nathan Adrian (65).
Fratus tem ainda quatro medalhas em Campeonatos Mundiais. Nos Jogos de Londres, quando cultivava uma rivalidade nacional na prova com o campeão olímpico de 2008 Cesar Cielo, ele esteve muito perto de tirá-lo do pódio, mas isso não aconteceu. Faltaram aqueles dois centésimos.
Quatro anos mais tarde, ele saiu da piscina no Rio visivelmente decepcionado com a sexta posição. O que veio na sequência se revelou pior. Ao dizer ironicamente em entrevista logo após deixar a água que estava “felizão” com o resultado, acabou bombardeado por críticas.
Ele se desculpou na sequência, mas o estrago estava feito e aumentou a frustração.
“Fui deixado de lado por muita gente que eu achava que iria me apoiar numa situação como aquela. Eu me senti muito sozinho por um momento. É fácil apoiar alguém que está indo bem, mas quando a pessoa cai é aí que você vê quem são seus verdadeiros fãs e amigos”, disse o brasileiro ao Olympics.com em 2020.
Até o fim de 2016, Fratus viveu momentos difíceis. Engordou 12 quilos e nadou competições apenas por razões contratuais, nas quais não gostaria de estar. Em 2017, quando começou a ser treinado pela esposa e nadadora olímpica Michelle Lenhardt, as coisas voltaram a engrenar.
O brasileiro foi medalhista de prata na prova dos 50 m do Mundial de Budapeste, com o melhor tempo da carreira (21s27) e repetiu o vice na edição seguinte, em 2019, em Gwangju, na Coreia do Sul.
Durante este ciclo olímpico, Fratus sempre esteve entre os nomes mais cotados do Brasil para conquistar uma medalha no Japão. Também consolidou seu papel de liderança em meio a um processo de renovação da natação brasileira. “Não gosto muito de me intitular líder, chamar a coisa para mim. Eu sou fã de liderar pelo exemplo. É muito raro eu chegar e puxar alguém para conversar, mas quem quiser seguir o exemplo e aprender, porque eu estou fazendo isso já faz um tempo, que venha junto que eu ensino com o maior prazer”, disse durante a disputa dos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019.
Ele acaba de ampliar esse repertório. Fratus conquistou a segunda medalha da natação brasileira em Tóquio, após o bronze de Fernando Scheffer nos 200 m livre. É a 14ª do país nas piscinas em Jogos. Ele também repetiu Cielo e Fernando Scherer como medalhistas na prova mais veloz do programa olímpico.