Aparecida

Editorial do Diário de Aparecida: O resto não existe

Reportagem na página 4 desta edição do Diário de Aparecida mostra os efeitos deletérios da excessiva politização da administração pública, em especial quando acontece a substituição por quadros técnicos por apaniguados de partidos políticos – caso notório, hoje, da prefeitura de Aparecida, que foi loteada entre a classe política local para garantir uma falsa “unanimidade” em torno de Gustavo Mendanha.

Aparecida tem mais secretarias municipais do que, por exemplo, a prefeitura de São Paulo, a maior do país, que administra uma cidade com 12 milhões de habitantes. Mais pastas também do que Goiânia, a capital do Estado, que conta com 3 vezes mais moradores. Mendanha, no início do seu 2º mandato, aproveitou para inflar a estrutura de gestão do município, elevada para o exagerado e injustificável número de 27 secretarias.

Pior: cada uma delas com dezenas de cargos de chefia de gabinete, diretoria, superintendência, assessoria especial e mais uma infinidade de vagas preenchidas com indicados dos partidos políticos, seus presidentes, apaniguados de vereadores, ex-vereadores, suplentes e qualquer um que tenha liderança política, ainda que mínima, no município.

O resultado foi o desaparecimento da oposição, inundando de ar viciado o ambiente político aparecidense, onde a única opinião é a do prefeito – com todos à sua volta se agachando sem coragem para mostrar os erros ou aperfeiçoar os acertos, replicando o Brasil imperial, onde Dom Pedro I costumava dizer: “Aqui, só importa o que o Imperador pensa. O resto não existe”.

O resto não existe em Aparecida. A Câmara Municipal, com 25 vereadores, é um apêndice entorpecido do Poder Executivo. E 21 partidos, alguns antagonistas em termos estaduais e nacionais, se fartam no secretariado de Mendanha, alimentados pelos Covid-19.

Além de criar um simulacro de política no município, essa situação gera distorções e desvios que prejudicam os mais de 600 mil aparecidenses. Por um lado, o elevado dispêndio que a folha de pessoal da prefeitura representa para os cofres públicos, em troca de nada, pois muitos dos aquinhoados não têm sequer mesa para trabalhar ou missão a cumprir. Por outro, por abafar o debate de ideias e a busca democrática de soluções para os desafios que afligem Aparecida e seguem sem solução.

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