Apenas três nomes disputam a vice na chapa da reeleição de Caiado
Apesar de o pleito de outubro do ano que vem ainda estar longe no calendário, já está acirrada, nos bastidores, a disputa pela vaga de vice-governador na chapa do governador Ronaldo Caiado (DEM). Caberá ao próprio Caiado bater o martelo quanto ao seu companheiro na busca pela reeleição, mas alguns critérios terão peso na decisão, principalmente o de agregador político-eleitoral.
As conversações andam a todo vapor, mas a escolha do nome para a vice só deverá ocorrer em julho/agosto de 2022, período em que os partidos realizam as convenções partidárias. Até lá o debate correrá solto nos partidos políticos e na mídia.
Três nomes afloram como alternativas para a vice de Caiado: o vice atual, Lincoln Tejota (Cidadania), que foi escolhido em 2018 por deixar a base governista (PSDB e aliados) e somar forças na oposição ao lado de Ronaldo Caiado; Daniel Vilela, ex-deputado federal e presidente estadual do MDB, que desistiu de concorrer novamente ao Palácio das Esmeraldas para levar o seu partido a compor com o DEM caiadista; e o deputado Lissauer Vieira (PSB), que se tornou, desde que assumiu a presidência da Assembleia Legislativa, um importante aliado do governador.
Além de dispor da vice para composição política visando a reeleição, o governador Ronaldo Caiado ainda conta com a vaga de senador em sua chapa, o que aumenta ainda mais o seu poder de fogo na formação do bloco de partidos que caminharão com o DEM nas eleições majoritárias do ano que vem.
O fato de Caiado estar bem avaliado perante a população goiana favorece o ambiente político e faz com que os partidos de oposição, entre eles MDB, PSD, Republicanos e Progressistas, busquem aproximação com o Palácio das Esmeraldas. Outro componente que revigora eleitoralmente Ronaldo Caiado é o de contar com o respaldo de consistente base municipalista: 180 dos 246 prefeitos estão prontos para trabalhar pela reeleição do governador.
Somado aos vices-prefeitos, vereadores, ex-prefeitos e lideranças municipais, o exército de Caiado para as eleições do ano que vem torna o governador quase imbatível.
Ronaldo Caiado tem evitado o debate sobre a escolha de candidatos majoritários ou alianças partidárias, mas a sucessão estadual já ganhou as ruas das principais cidades do Estado, mesmo em tempos de pandemia da Covid-19.
Lincoln Tejota
Daqui não saio, daqui ninguém me tira
Lincoln Tejota, atual vice-governador, trabalha nos bastidores para permanecer na chapa majoritária da base aliada. Ele adota postura de alinhamento político a Caiado, comparecendo a praticamente todos os eventos organizados pelo Palácio das Esmeraldas, em Goiânia e no interior do Estado. Lincoln considera que o comportamento “ético e democrático” do governador atrai siglas para o grupo político da base e ressalta que apenas a vaga ao Senado está disponível na chapa de 2022.
Em crítica a Daniel Vilela, na mesma entrevista, Lincoln disse que muitos políticos terão de “engolir o que falaram” se decidirem caminhar com o grupo liderado pelo democrata. O MDB foi adversário de Caiado na eleição de 2018.
Nos bastidores, há informação de que o pai de Lincoln, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) Sebastião Tejota, estuda disputar a eleição de 2022 para deputado federal. Se o cenário se concretizar, Lincoln poderia ser indicado para esta vaga no TCE. Por meio de sua assessoria, Sebastião Tejota negou que exista articulação para sua candidatura em 2022. O conselheiro ainda ressaltou que o único candidato da família no próximo ano é Lincoln.
Daniel Vilela
Hora de ser mais Maguito e menos Daniel
A aproximação de Daniel Vilela com o governador Ronaldo Caiado começou, ano passado, logo após a internação de Maguito Vilela, seu pai, e se intensificou após a morte do ex-prefeito e ex-governador, vítima de complicações da Covid-19. O ponto alto desse diálogo ficou evidenciado em julho último, quando os dois participaram da inauguração do Centro de Convenções e Eventos Luiz Alberto Maguito Vilela, em Aruanã, e trocaram elogios durante a solenidade.
No dia 14 de julho, 27 dos 28 prefeitos emedebistas assinaram carta, entregue a Daniel, em defesa à aliança do MDB com Caiado, com a presença do presidente do partido na chapa como candidato a vice-governador. O ex-prefeito de Goiânia e ex-governador Iris Rezende é um dos “fiadores” da aliança MDB/DEM em apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado e à presença de um emedebista na chapa majoritária. Com o controle do MDB goiano, Daniel Vilela deverá antecipar a divulgação de consulta aos quadros do partido – estava marcada para dezembro próximo –, confirmando que 80% das lideranças emedebistas querem aliança com o DEM e apoio à reeleição de Caiado. Daniel tem apoio público do senador Luiz do Carmo, dos deputados estaduais Bruno Peixoto, Humberto Aidar e Henrique Arantes, dos ex-presidentes Samuel Belchior e Nailton de Oliveira e da maioria esmagadora dos presidentes de 31 diretórios e 80 de comissões provisórias municipais.
Lissauer Vieira
Futuro político somente na base de Caiado
Desde que acertou os “ponteiros” com o governador Ronaldo Caiado, em 2019, logo após eleger-se presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSB) é cotado para a vaga de vice na chapa governista. Nesses dois anos e meio, Caiado teve o apoio decisivo de Lissauer na formatação da base aliada no Legislativo, assegurando aprovação de praticamente todos os projetos de interesse do governo, inclusive matérias polêmicas como a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Se Caiado tem apoio de 23 deputados, com possibilidade de chegar a 29 dos 41, grande parte disso se deve à ação política de Lissauer Vieira.
Preparado para disputar mandato à Câmara Federal, tendo a região Sudoeste como principal base eleitoral, Lissauer Vieira justifica a cogitação de seu nome para vice de Ronaldo Caiado ao trabalho realizado na Assembleia em colaboração com o governo. “São nítidos os avanços do Estado com o governador Caiado. Isso tem relação com a atividade da Assembleia em parceria com o governo”, diz. Lissauer já declarou anteriormente que em 2022 estará em um partido que apoie a reeleição de Caiado, o que pode levá-lo a deixar o PSB. Deputados afirmam que pesa a favor de Lissauer o histórico de resolução de conflitos na Assembleia, que levou a resultados favoráveis ao governo. No entanto, a indefinição partidária é vista como um ponto negativo.