Aparecida

Gestão municipal não incentiva participação das mulheres nos espaços de poder, denuncia ativista

O feminismo tem ganhado cada vez mais força na sociedade. Na internet e nas ruas, mais brasileiras estão se manifestando em defesa da igualdade de gênero e do fim da violência contra a mulher e do preconceito.

Infelizmente, em Aparecida de Goiânia, a participação delas nos espaços de tomadas de poder é mínima. Para se ter uma ideia, na equipe do secretariado do prefeito Gustavo Mendanha (MDB), apenas a primeira-dama, Mayara Mendanha, ocupa cargo no primeiro escalão da prefeitura, que é da Secretaria de Assistência Social. Na Câmara Municipal também só possui uma: a vereadora Camila Rosa (PSD). Ativista feminista denuncia que o chefe do Executivo municipal não incentiva a atuação das mulheres nos espaços de poder.

Membra do Fórum Goiano de Mulheres, a professora Laura Rúbia destaca, em entrevista ao Diário de Aparecida, a importância da representatividade delas no município. “A luta feminista em Aparecida de Goiânia ocorre por diversos grupos, cada organização trabalha as demandas. Juntas, essas mulheres discutem as pautas feministas para ações que envolvam todas elas. Nós temos a participação das mulheres na política, mas precisamos avançar muito no município esse movimento.”

A professora pontua a necessidade de o Executivo municipal apoiar a luta feminista para ocupar os espaços de tomadas de poder na cidade. “Nós precisamos fortalecer esse movimento, inclusive, se isso ocorrer, temos mais forças para trazer o poder público municipal para fazer parcerias com as nossas ações. Mas mesmo assim percebemos que o Poder Executivo municipal segue a estrutura patriarcal do município. Por mais que esteja na região metropolitana, a cidade tem o perfil extremamente machista e isso se reproduz no Executivo. Aparecida de Goiânia tem uma Secretaria Executiva dentro da Assistência Social, mas queremos uma Secretaria da Mulher.

Queremos que o prefeito enxergue a importância dessa pasta.”

Embora o poder municipal não execute políticas públicas de empoderamento feminino em Aparecida de Goiânia, Laura Rúbia afirmou que as mulheres têm conseguido esse espaço, através da conscientização da luta dos grupos feministas. “A participação das mulheres tem alcançado espaço, através da conscientização. O papel da educação é fundamental. Precisamos trabalhar, e isso parte do poder público municipal promover discussões para que as mulheres entendam o papel delas na sociedade e compreendam a importância nos espaços de poder também. Mais do que isso: trabalhar com elas que estamos sub-representadas, ou seja, temos poucas mulheres no Executivo e Legislativo.”

Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostra que 90% da população mundial ainda tem algum tipo de preconceito relacionado à questão da igualdade de gênero em áreas como política, economia, educação e violência doméstica. Para romper com o machismo estrutural, Laura destaca a necessidade de as mulheres lutarem por direitos iguais na sociedade aparecidense.

“As mulheres precisam romper com o machismo que está inserido na sociedade, porque elas acabaram vinculando em sua formação, que é de achar que somente homens podem ocupar os espaços de poder. Cabe a nós trabalhar discussões, formações e interesse do poder público de inserir as mulheres dentro desses espaços de tomada de poder.

A mulher precisa mudar essa visão de entender isso, mas os espaços de tomada de poder também precisam expandir essa discussão para que as mulheres se sintam inseridas nele e que esteja aberto para recebê-las. Precisamos de abertura do poder público municipal para discutir sobre direitos iguais de gênero”, adverte.

Combate à violência doméstica
Além de não promover campanhas de conscientização pela igualdade de gênero em Aparecida de Goiânia, a prefeitura também não realiza programas de prevenção e apoio às mulheres vítimas de violência doméstica no município. Membra do Fórum Goiano de Mulheres, a professora Laura Rúbia diz que os grupos feministas da cidade lutam pela construção de uma Casa Abrigo e cursos de formação para ajudar essas mulheres a se reconstituírem na sociedade com dignidade e seguirem independentes, principalmente de seus agressores. “Uma demanda que nós feministas lutamos é a construção de uma Casa Abrigo. A mulher que sofre violência muitas vezes está condicionada nessa situação, porque não tem condições de se sustentar sem a ajuda da família. E a Casa Abrigo é essencial para acolher essa vítima. Outra pauta que também defendemos para proteger a mulher vítima de violência doméstica é que o poder público as encaminhe para fazer curso de formação, em parcerias com a iniciativa privada, para elas serem encaminhadas ao mercado de trabalho, tendo aí renda, proporcionando autonomia financeira”, defende.

A reportagem do DA ofereceu na semana passada espaço para a Prefeitura de Aparecida de Goiânia se manifestar sobre as políticas públicas de igualdade de gênero e combate à violência doméstica adotadas no município, mas até o fechamento desta edição, como de praxe, o órgão desprezou as demandas da sociedade aparecidense.

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