AVC afasta Iris do dia a dia da política, mas não do papel de bússola do MDB
Em recuperação do Acidente Vascular Cerebral (AVC) que sofreu na semana passada, o ex-prefeito e ex-governador Iris Rezende, 87 anos, deve mudar o ritmo de sua atuação no dia a dia, mas sem abrir mão da influência que tem sobre os destinos do MDB no processo eleitoral do Estado, principalmente em relação às alianças para o pleito de 2022.
Iris não irá mais, por recomendação médica, comparecer de forma sistemática ao seu escritório do Setor Marista, em Goiânia, para receber autoridades, dirigentes partidários, parlamentares e gente do povo e discutir os rumos da política nacional e estadual. As conversas diminuirão a partir de agora.
Mesmo aposentado da vida pública, Iris não havia interrompido o diálogo com os políticos goianos, apesar de não ter pretensão de disputar mandato eletivo. Já tinha desistido de concorrer a novo mandato de prefeito de Goiânia no ano passado. Agora, em recuperação das complicações provocadas pelo AVC, irá diminuir o ritmo de contatos, mas não se afastará, em definitivo, dos acontecimentos, já que, como ele próprio diz, é um “animal político” e, como tal, não deixará de estar presente nos debates e definições do seu partido, o MDB.
Iris sempre será a “bússola” do MDB, afinal, são 68 anos de militância partidária, com o exercício de diversos cargos eletivos – vereador, deputado estadual, prefeito de Goiânia quatro vezes, governador de Goiás por dois mandatos, senador da República uma vez e ministro de Estado em duas oportunidades (Agricultura no Governo José Sarney e Justiça no Governo Fernando Henrique Cardoso).
Com a morte de Maguito Vilela e o afastamento de Iris Rezende do dia a dia da política, o ex-deputado federal Daniel Vilela, presidente do MDB de Goiás, fortalece o seu protagonismo no partido, sendo o principal responsável pela definição dos rumos emedebistas às eleições de 2022. Iris, por sua influência e capacidade de diálogo, estará ao lado de Daniel Vilela para bater o martelo sobre a aliança do MDB com o DEM, em apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado.
Mesmo aposentado, Iris teve seu nome lembrado para a disputa ao Senado no ano que vem, apesar de ter se manifestado dizendo que não disputaria mais mandato eletivo, o que demonstra a força e a liderança do ex-prefeito e ex-governador no MDB goiano.
A hora e a vez de Daniel Vilela, o novo número um da legenda
Desde a internação e morte de seu pai, Maguito Vilela, Daniel Vilela aproximou-se de Iris Rezende e, agora, de forma conjunta, articulam o futuro do partido, principalmente em direção à aliança com o DEM caiadista. Com o respaldo de 27 dos 28 prefeitos, do senador Luiz do Carmo, dos deputados estaduais Bruno Peixoto, Humberto Aidar e Henrique Arantes, além dos presidentes de diretórios e comissões provisórias municipais, Daniel Vilela caminha ao lado de Iris Rezende para formalizar o apoio com o DEM, indicando o candidato a vice-governador ou a senador.
Daniel Vilela é cotado para ocupar a vice na chapa do governador Ronaldo Caiado e Luiz do Carmo é o nome do MDB para uma eventual disputa ao Senado. Ronaldo Caiado vê com simpatia a movimentação dos prefeitos, de Daniel Vilela e de Iris Rezende, pois sempre atuou para ter o MDB ao seu lado. Em 2018, chegou a oferecer as vagas de vice e de senador aos emedebistas, que, no entanto, preferiram candidatura própria à sucessão estadual.
Caiado, em entrevista logo após a cirurgia de Iris Rezende no Hospital Neurológico de Goiânia, afirmou acreditar na plena recuperação do líder emedebista, adiantando ter convicção de que ambos estarão juntos nos palanques eleitorais de 2022. Caiado e Iris estão juntos na política desde 2018, quando o democrata concorreu ao Senado e o emedebista disputou o governo de Goiás. De lá para cá, Caiado e Iris nunca se separaram, ao contrário, firmaram parcerias em favor de Goiânia no período em que o emedebista ocupou o Paço Municipal e o democrata, o Palácio das Esmeraldas. (H.L.)
“Se o governo vai bem, por que não o reeleger?”
Após reconhecer os insucessos eleitorais do MDB em seis disputas seguidas para o governo de Goiás, Daniel Vilela tem dito às lideranças municipais que não é o momento apropriado para o partido marchar com candidatura própria à sucessão estadual, quando se sabe que o governador Ronaldo Caiado está bem avaliado e que realiza uma “gestão municipalista”.
Daniel sustenta que a sua posição pró-aliança com o DEM se baseia na vontade da maioria esmagadora do MDB – prefeitos, vereadores, ex-prefeitos, primeiras-damas, parlamentares, dirigentes municipais e lideranças expressivas do partido das 246 cidades do Estado.
O próprio Iris Rezende não vê motivos para não apoiar a reeleição do governador Ronaldo Caiado: “Se o seu governo vai bem, está bem avaliado junto à população, por que não o reeleger?”. Iris acha que o MDB deve se preparar para lançar candidato próprio a governador nas eleições de 2026.
O ex-prefeito sustenta que, em 2022, o MDB deve se preparar para eleger expressivas bancadas à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa para, dois anos depois, conquistar o maior número possível de prefeituras, se cacifando, assim, para o pleito de 2026.
As convenções dos partidos estão previstas para julho/agosto do ano que vem, mas o anúncio da aliança MDB/DEM poderá ser antecipada, admite Daniel Vilela. Inicialmente previsto para dezembro, a executiva estadual do MDB vai definir nova data para a formalização do acordo com o DEM caiadista.