Com pequeno estoque, goianos podem ficar com reforço da AstraZeneca atrasado
Com previsão de entrega de poucas doses – comparada com a demanda – da vacina AstraZeneca contra a Covid-19, por parte da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), para agosto e setembro, entre 3,1 milhões e 17,2 milhões de brasileiros correm o risco de ficar com o reforço atrasado.
Em Goiás, a reserva de doses disponíveis era de 193.240 até o último sábado, 14. No entanto, segundo o site do governo federal, como forma de reposição, serão distribuídas entre os Estados apenas 10 milhões de doses em agosto e outras 14,1 milhões em setembro.
“Com o lote de IFA [Ingrediente Farmacêutico Ativo] recebido em 17 de julho, será possível entregar cerca de 10 milhões de doses ao PNI [Programa Nacional de Imunização]. Destas, um milhão foi entregue na semana passada e o restante cumpre as etapas de processamento final e controle de qualidade, com previsão de entrega nas próximas semanas”, afirmou a FioCruz em nota.
“O cronograma pode ser reajustado conforme chegada de novas remessas”, diz a fundação, mesmo ainda sem data. No entanto, até mesmo as 10 milhões de doses determinadas para agosto ainda dependem da “liberação das etapas de controle de qualidade”.
Intercambialidade de vacinas
Como forma de contornar a falta de doses da AstraZeneca às pessoas que devem tomar o reforço no segundo semestre, no último sábado, 14, o Ministério da Saúde (MS) autorizou os municípios a aplicar o imunizante da Pfizer, como substituto da vacina produzida pela FioCruz, na segunda dose.
Segundo a pasta, em nota técnica, a troca deverá ser feita apenas “em situações de exceção, onde não for possível administrar a segunda dose da vacina com uma vacina do mesmo fabricante, seja por contraindicações específicas ou por ausência daquele imunizante no País”.
A intercambialidade das vacinas também foi autorizada para grávidas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca, para completar o esquema vacinal com as vacinas que não contêm o vetor viral, seja a Pfizer ou CoronaVac.
Na nota técnica, o Ministério citou alguns estudos de intercambialidade vacinal. Entre eles, o realizado no Reino Unido, publicado na revista Lancet, em janeiro deste ano, que contou com 830 adultos com mais de 30 anos escolhidos aleatoriamente. Na pesquisa, foram comparados os esquemas de vacinação com a aplicação de duas doses da mesma vacina e com a mistura da AstraZeneca com a Pfizer, com prazo de quatro semanas entre as aplicações. Os que receberam doses mistas mostraram maior chances de apresentar sintomas leves e moderados, de curta duração, com a aplicação da segunda dose da vacina – como fadiga, febre, dores de cabeça, musculares e nas articulações – em comparação com os que tomaram ambas as doses do mesmo laboratório.