Aparecida

Caiado implanta delegacia para combater crimes de racismo e intolerância

Inaugurado ontem, 16, pela Polícia Civil e o governo de Goiás, o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri). A unidade, que funcionará em local contíguo à Escola Superior da Polícia Civil (ESPC), no Jardim Bela Vista, em Goiânia, tem atribuição investigatória estadual, passando a investigar os crimes de racismo, injúria racial, intolerância religiosa, crimes de caráter homofóbico e outros praticados contra grupos de vulneráveis.

Presente na solenidade de inauguração, o governador Ronaldo Caiado disse que a Segurança Pública de Goiás dá mais um passo e atinge um universo maior de pessoas que não podem ser constrangidas ou agredidas de acordo com sua opção religiosa, cor e orientação sexual. “Essa é uma iniciativa que vai além de um efeito punitivo e educativo. Servirá também para educar nossas crianças para que as próximas gerações não sofram a influência que sofreram aqueles que hoje ainda fazem esse tipo de prática”, reforçou o governador.

Durante o evento, Ronaldo Caiado anunciou o encaminhamento do projeto de lei à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) para criação da Delegacia Especializada para o Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. Em formato de Delegacia Escola, o grupo vai ainda capacitar policiais que atuarão na unidade, assim como servidores de demais delegacias, uma iniciativa inédita no Brasil. O Estado de Goiás está entre os dez primeiros do País a contar com uma unidade especializada nesses tipos de crimes.

Também participou do evento, o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda. Para ele, o Geacri representa uma nova política no Estado. “No século 21, a gente ainda tem que se preocupar com crime de racismo, homofobia e outros, mas é preciso a força da lei para que um segmento pequeno da sociedade entenda que certos tratamentos são, além de humilhantes, criminosos”, afirmou.

Com o Geacri, a Polícia Civil de Goiás espera dar respostas a condutas que, até pouco tempo, não eram consideradas criminosas e que, por vezes, não recebiam a devida atenção das autoridades, além de reforçar nos servidores os conceitos de empatia e tolerância, com foco no reconhecimento das diferenças. O grupo especializado será chefiado pelo delegado de Polícia Civil Joaquim Adorno. “O mote é fazermos um atendimento integral. A ideia original é você deixar de ser um simples sujeito que respeita os direitos humanos para ser um promotor de direitos humanos”, explicou. Ainda conforme o delegado, o foco será amparar as vítimas. “Não é só combater o crime, mas acolher as pessoas. E para que se sintam acolhidas, há necessidade de que se vejam legitimadas, representadas nesse espaço”, afirmou.

 

O Geacri

O grupo especializado deve atuar não só no âmbito criminal, mas também na conscientização da população e resgate da cidadania das vítimas de racismo, discriminação e intolerância, seja ela por cor, etnia, religião, condição, orientação sexual ou identidade de gênero. A iniciativa também vem atender a uma necessidade comprovada por estatísticas recentes. De acordo com números do 15º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado no último dia 15 de julho, houve aumento de 29,8% nos crimes de racismo no País no ano passado, em comparação com 2019. O documento também registra crescimento, em escala nacional, das ocorrências de prática de crimes contra a população LGBTQI+ e de estupro de, respectivamente, 24,7% e 20,9%.

 

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