Com convite oficial de Caiado ao MDB, aliança com o DEM agora é irreversível
A aliança entre o Democratas do governador Ronaldo Caiado e o MDB do ex-deputado federal Daniel Vilela é agora irreversível e tem potencial para se constituir em um dos fatos políticos mais relevantes da história de Goiás, dando sequência a um movimento iniciado em 2014, quando os dois partidos atuaram juntos pela primeira vez.
Na sexta, 20, Caiado foi até o diretório estadual do MDB, na Avenida Paranaíba, e formalizou convite para que o partido indique um representante na chapa majoritária do DEM para as eleições do ano que vem. A visita surpresa foi interpretada como um xeque-mate diante da movimentação intensa dos últimos dias, quando setores governistas passaram a manifestar insatisfação com a admissão do MDB na base do governo.
“A coligação entre os dois partidos é incontornável”, afirmou um emedebista ligado ao jovem presidente do MDB. “O MDB avalia que, unindo-se com Caiado, não abre espaço para o ressurgimento de seu velho algoz, o PSDB do ex-governador Marconi Perillo”, acrescenta um emedebista-irista.
Mas a aliança não é apenas anti-Marconi Perillo. Até porque nem Ronaldo Caiado nem Daniel Vilela consideram Perillo como uma ameaça política real. “Se ainda tivesse peso político, se o PSDB tivesse força no Estado, Marconi não teria ido atrás de Gustavo Mendanha, prefeito de Aparecida de Goiânia e filiado ao MDB, para tentar convencê-lo a disputar o governo de Goiás como oposicionista, oferecendo-lhe estrutura partidária”, sustenta um deputado governista.
A aliança DEM-MDB, na verdade, é mais ambiciosa e se propõe a levar o Estado a um novo estágio de desenvolvimento. Daniel Vilela já patenteou o seu interesse em contribuir para ampliar a modernização iniciada por Caiado. Até porque pretende, se figurar na chapa como vice, disputar o governo em 2026 – se, claro, a chapa Ronaldo Caiado-Daniel Vilela for vitoriosa em 2022, como se espera.
O prefeito de Catalão, Adib Elias, o senador Vanderlan Cardoso e o senador Luiz do Carmo – esse, unindo-se ao ex-senador Wilder Morais – vinham questionando a aproximação com o MDB – cada um pelos seus motivos pessoais: Adib reclama de ter sido expulso do partido por Daniel Vilela; Vanderlan quer preservar espaço para candidatura futura a governador, e Luiz do Carmo e Wilder desejam participar da chapa de Caiado em 2022.
Dentro do MDB, somente o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, diverge do acordo, como uma voz isolada dentro do MDB. A última sinalização pública de aproximação entre Daniel Vilela e Caiado, em um evento em Itapaci, com troca de elogios entre os dois, soou como uma pá de cal para as intenções de Mendanha, hoje em processo de afastamento do seu “irmão”, como se referia antes ao filho e herdeiro político de Maguito Vilela.
Tese de consulta interna sobre a candidatura própria caiu no vazio
A premissa levada pelo prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, de realização de uma consulta às bases para a definição dos rumos do MDB em 2022, não ganhou a simpatia do presidente estadual do partido, Daniel Vilela. O ex-deputado federal teria ponderado que a estratégia poderia estimular divisões internas. Ele também teria defendido que o momento é o mais propício para avançar algumas casas em direção à aliança com o governador, garantindo com mais facilidade espaço na chapa majoritária. Mesmo assim, Daniel Vilela afirmou, no encontro com o governador Ronaldo Caiado no diretório, que vai proceder uma apuração do sentimento das bases, que, repetindo, é majoritariamente a favor da aliança com o DEM. Prefeitos emedebistas importantes como Haroldo Naves (Campos Verdes), Pábio Mossoró (Valparaíso de Goiás), Aleomar Rezende (Mineiros), André Chaves (Buriti Alegre) e Humberto Machado (Jataí) respaldam a proposta de aliança do MDB com o DEM caiadista, sob a justificativa de que o governador atua de forma “municipalista”. As conversas do DEM com o MDB, inicialmente, previam uma candidatura de Iris Rezende ao Senado em 2022, mas o ex-prefeito abriu mão de nova disputa eleitoral, já que anunciou aposentadoria da vida pública logo após encerrar o seu mandato de prefeito de Goiânia. A partir daí, as especulações surgiram em torno do nome de Daniel Vilela para vice-governador na chapa de Ronaldo Caiado.
“Daniel Vilela é múltiplo, onipresente, remontou o partido em todo o Estado”
O presidente do MDB em Rio Verde, Manuel Cearense, disse ao jornal Opção que, na campanha de 2020, o presidente estadual do MDB, o ex-deputado federal Daniel Vilela, deu ampla sustentação aos candidatos a prefeito pelo partido em todo o Estado.
“O garoto parecia um ser múltiplo, onipresente. Um dia estava em Jataí, no outro em Mineiros, em seguida em Rio Verde, logo depois em Porangatu e, mais tarde, em Anápolis. Trabalhando muito, em tempo integral, Daniel remontou as bases do MDB em todo o Estado. Por isso, hoje, dos 28 prefeitos do partido, 27 firmaram posição em torno dele.” (Só o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, se distanciou de quem dizia ser o seu líder e amigo).
Na campanha de Rio Verde, quando o partido bancou o médico Osvaldo Fonseca Júnior – que foi bem votado – para prefeito, Daniel Vilela atuou, segundo Manuel Cearense, com presteza. “Com o apoio de Daniel, o MDB de Rio Verde renasceu das cinzas e disputou o pleito de igual para igual em 2020. Hoje, o partido é uma referência na cidade e no Sudoeste.”
Manuel Cearense afirma que sempre defendeu que o MDB deveria ter candidato a governador, por ser um partido grande e estruturado em todo o Estado. “Entretanto, como presidente em Rio Verde e membro do diretório estadual, vou apoiar o projeto de Daniel Vilela, seja qual for. Se quiser disputar o governo, estarei no seu palanque e organizando sua campanha em todo o Sudoeste de Goiás. Se optar por uma composição com o governador Ronaldo Caiado, da mesma forma estarei em seus palanques. Porque, em política, é vital tanto o companheirismo quanto a lealdade.”
Rio Verde, lembra Manuel Cearense, tem o quarto maior eleitorado de Goiás e é uma potência econômica, “tanto que a imprensa, inclusive a nacional, chama o município, o mais próspero do Sudoeste Goiano, de Califórnia brasileira”. O MDB de Rio Verde vai bancar a vereadora Marussa Boldrin para deputada estadual e Heuler Cruvinel para deputado federal. (Helton Lenine / [email protected])