Descontrole em Aparecida: fim de semana sem fiscalização registra aglomerações
O último fim de semana foi marcado por casos de aglomerações e encerramento de festas clandestinas na Região Metropolitana de Goiânia. Na noite da última sexta-feira, 27, um evento com cerca de 500 pessoas foi encerrado no Jardim Copacabana por equipes da força-tarefa de Fiscalização de Aparecida de Goiânia. No local, nove veículos com som automotivo foram apreendidos por perturbação do sossego e 300 pessoas foram multadas por não usar máscara de proteção facial. Os dois organizadores do evento clandestino foram encontrados na festa e multados em mais de R$ 32 mil por promoção de evento e aglomeração durante a pandemia.
De acordo com a Portaria n° 124/2021-GAB/SMS, “fica autorizada a realização de eventos sociais públicos e privados no âmbito de Aparecida de Goiânia, restrito a 40% da capacidade máxima do local, limitado a 150 pessoas, sendo uma pessoa a cada dez metros quadrados, desde que respeitada a Portaria nº 069/2020-GAB/SMS no que couber, sem prejuízo das demais normas sanitárias vigentes”. Segundo o documento, os eventos devem respeitar o horário de término até uma hora da madrugada. Não estão permitidas pistas de dança e a apresentação está limitada a quatro integrantes.
Conforme a coordenação da força-tarefa de Fiscalização, as equipes chegaram ao local após denúncia anônima dos moradores da região. “As denúncias foram feitas pelos canais de contato da força-tarefa por primeiramente estarem perturbando o sossego dos vizinhos a esse local. Quando chegamos ao local, nos deparamos com a aglomeração de pessoas, todas sem máscara e ao som de nove carros com som automotivo”, comentou o sub-coordenador Delazaro Gomes.
Ainda na noite da última sexta-feira, 27, os fiscais interditaram e multaram em R$ 13 mil um bar na cidade por também promover aglomeração e por falta de licença para atendimento acima de 60 pessoas. Segundo informações, o local atendia mais de 130 pessoas, usando inclusive o passeio público com mesas para clientes. Além desse fato, outras duas distribuidoras de bebidas foram autuadas e interditadas por falta de alvará de funcionamento, uma delas situada no Setor dos Estados, onde um veículo com som automotivo foi apreendido.
O coordenador da força-tarefa, Davi Lorero, explica que as equipes percorrem diariamente as ruas da cidade com o objetivo de coibir excessos que possam causar uma alta na transmissão e números da Covid-19 em Aparecida. “Ainda vivemos uma pandemia e não podemos baixar a guarda enquanto toda a população não estiver vacinada”, pontuou Davi Lorero, secretário executivo do gabinete de Segurança Institucional.
Durante toda a noite, a fiscalização visitou 52 estabelecimentos, entre bares, restaurantes, distribuidoras e locais de eventos, encerrando quatro festas clandestinas. Os fiscais interditaram cinco locais por descumprimento das regras sanitárias e falta de alvará de funcionamento, apreenderam dez veículos com som automotivo e uma caixa de som mecânico. Ao todo, 436 pessoas foram multadas por não uso de máscara de proteção.
Avanço da pandemia
Até hoje, o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) insiste em afirmar que o modelo de abertura escalonada do comércio, indústria e serviços teria ajudado a estabilizar o avanço da doença, porém o que se vê desde dezembro é o avanço da pandemia na cidade. E, para piorar, a prefeitura flexibilizou ainda mais em meio ao aumento de casos e mortes por Covid-19. Atualmente no município há 84.326 casos confirmados de Covid-19, sendo 188 nas últimas 24 horas e 812 ativos. Até domingo, 29, segundo informações do Painel da Covid-19, 1.619 aparecidenses vieram a óbito. O Jardim Buriti Sereno ocupa ainda a primeira posição em casos confirmados, com 3.861; em seguida aparece o Cidade Vera Cruz (3.465). Em terceiro lugar aparece o Jardim Tiradentes, com 2.768 casos da doença. O Setor Garavelo fica em quarto lugar, com 2.233 casos. A ocupação geral de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) voltados para o tratamento da doença estava em 55%.
Embora o prefeito da cidade despreze a ameaça da “terceira onda” no município e não adote medidas enérgicas de combate à Covid-19, ela é real. A expressão, que é popularmente aceita para descrever o agravamento dos números após uma relativa melhora, está relacionada a diversos fatores – entre eles, o relaxamento das medidas restritivas, que permitiu o retorno de atividades sociais e comerciais, e o consequente aumento da circulação de pessoas pelas ruas. A preocupação é que essa retomada acontece num período em que os sistemas de saúde ainda estão bastante fragilizados e sem condições de dar vazão à chegada de milhares de novos pacientes.
Para especialistas em saúde, o aumento no número de internação é reflexo da flexibilização das medidas de distanciamento social. “Não é hora para aglomeração. A gente não tem vacina para todo mundo. Se a gente não tiver uma cobertura vacinal, a gente não pode liberar tudo. Precisamos ter restrição. Ainda é um momento de atenção”, afirmou o médico infectologista Marcelo Daher. A médica infectologista Juliana Barreto adverte que não é o momento de relaxar nas medidas de contenção do vírus no Estado. “Quanto mais as pessoas colaborarem, mesmo entendendo toda a dificuldade econômica que se tem no momento no nosso País, no nosso Estado, mais rapidamente tudo poderá ser aberto com todas as condições de segurança.” (Por Eduardo Marques / [email protected])