“Evento” de Mendanha e Paulo Cezar não registra ninguém de importância
Um “evento” na noite da última sexta-feira, 10, no Ateneu Dom Bosco, ao lado do prédio da Assembleia Legislativa, no centro de Goiânia, evidenciou com todas as letras o esvaziamento da corrente do MDB que defende a candidatura própria a governador em 2022.
De algum reconhecimento estadual, só compareceram o deputado Paulo Cezar Martins, promotor do encontro, e o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha. Fora esses dois, sentaram-se à mesa principal o vereador André Fortaleza, presidente da Câmara de Aparecida; o vice-prefeito aparecidense, Vilmar Mariano, o Vilmarzim (ao lado de Vilmarzim estava Tiago do Piso, que foi candidato a prefeito de Senador Canedo pelo PSL, terminando com 3,54% dos votos); e o advogado Ênio Salviano, antigo e exótico militante do MDB, membro do diretório estadual até hoje, o mesmo que, no Twitter, sugeriu a mudança do nome do Supremo Tribunal Federal (STF) para Tribunal Supremo da Mentira.
Só. Ninguém mais de importância apareceu. E foram esses mesmos que alinharam à mesa principal do “evento”, cuja plateia foi engrossada por assessores e cabos eleitores de Paulo Cezar Martins – que mantém, em Goiânia, uma estrutura gigantesca para atendimento de eleitores que são trazidos do interior do Estado, por conta dele, para buscar socorro médico e retribuir com votos.
Além da mídia negativa para o enfraquecido e fragilizado movimento da candidatura própria, condenada pela maioria esmagadora das bases emedebistas, o encontro serviu para deixar claro que a aposta de Mendanha e Paulo Cezar não tem futuro, por falta de apoio. Não há nomes de expressão, ainda que reduzida, se é que a maioria dos que estavam no “evento” pela candidatura própria tem ou já teve alguma.
Já se sabia que a pregação de Mendanha pela candidatura própria, que tem raízes nos seus ressentimentos pessoais em relação ao governador Ronaldo Caiado e atende a uma estratégia para sair da sombra de Daniel Vilela, não tinha repercussão dentro do MDB. O que não se esperava é que ele mesmo, Mendanha, e o deputado Paulo Cezar Martins se encarregassem de tomar a iniciativa de mostrar que estão isolados e que não têm respaldo dentro do partido.
Mendanha chegou atrasado, escoltado por Paulo Cezar, em uma estratégia para causar impacto com a sua entrada. Não funcionou: o prefeito foi recebido friamente. Em um vídeo postado nas redes sociais, ele pode ser visto com a mão estendida para cumprimentar uma pessoa que sequer percebe o que está acontecendo e ignora o gesto. Ao contrário do divulgado por um blog amigo de Aparecida, não houve gritos de entusiasmo quando Mendanha tentou um ingresso triunfal no “evento”. Nem muito menos qualquer reação mais fervorosa ou animada quando ele discursou, com o detalhe de que não foi interrompido nenhuma vez por aplausos, que só vieram, pouco além da formalidade, no final da fala.
Vilmarzim é o único que ganha com a “candidatura própria”
O vice-prefeito de Aparecida, Vilmar Mariano, conhecido na cidade como Vilmarzim, é hoje o mais apaixonado defensor da candidatura própria do MDB a governador em 2022 e, na sequência, caso isso não seja possível, que o prefeito Gustavo Mendanha deixe o partido para se filiar a um outro qualquer e lançar o seu nome para enfrentar a reeleição do governador Ronaldo Caiado.
Se Mendanha tiver coragem para aceitar esse desafio, será obrigado a renunciar ao mandato nos primeiros dias de abril do ano que vem, para se desincompatibilizar, agraciando Vilmarzim com dois anos e nove meses como titular da terceira prefeitura mais importante do Estado (atrás apenas de Goiânia e Anápolis).
Com essa “promoção” no horizonte, é claro que o vice-prefeito aparecidense se assanhou. Ele passa os dias e noites postando nas redes sociais e enviando mensagens no WhatsApp promovendo a candidatura de Mendanha, que, para ele, representa “a vontade do povo” e já estaria, segundo garante, em 1º lugar nas pesquisas.
Que pesquisas, Vilmarzim não conta. Mas, para ele, não importa se Mendanha tem chances de ganhar ou não o pleito estadual do ano que vem: seis meses antes, o vice já seria consagrado como o vencedor antecipado, ao assumir o gabinete principal do prédio da Cidade Administrativa, de onde Aparecida é governada, caso o titular venha a se afastar para a sua aventura eleitoral. É ele, Vilmarzim, que arrebataria o grande prêmio.