Sem MDB, sem um novo partido e sem ideias, Mendanha vive momento crítico

Da edição impressa

Depois de se desfiliar do MDB – lembrando: o maior partido político de Aparecida – e sem definição sobre a sua nova legenda, o prefeito Gustavo Mendanha passa por um forte processo de desgaste e esvaziamento.

O objetivo de Mendanha para 2022 é ambicioso: candidatar-se a governador de Goiás, enfrentando um adversário que hoje é tido como franco favorito e apoiado pela maioria maciça das forças políticas estaduais, ou seja, o governador Ronaldo Caiado, que vai disputar a reeleição no ano que vem.

Afora o fato de ter sido eleito com mais de 90% dos votos para a prefeitura do segundo mais populoso município do Estado, em 2020, Mendanha não tem mais nenhum cacife para sustentar o seu projeto eleitoral. Faltam aliados de peso, não tem nem ao menos um partido para chamar de seu e, no front das ideias, ainda não conseguiu apresentar uma proposta inovadora ou surpreendente para justificar a sua possível candidatura.

Em 1998, o então quase desconhecido Marconi Perillo apresentou-se contra Iris Rezende, verdadeiro mito da política estadual naquele momento, cavalgando o mote do Tempo Novo, que resumia a sua visão de renovação e reestruturação das práticas administrativas do governo do Estado. Deu certo.

Em 2018, Caiado lançou-se para enfrentar o que restava do Tempo Novo de Marconi assumindo o compromisso de acabar com a corrupção em Goiás e de resolver as crises financeiras e de gerenciamento da máquina pública estadual. Também deu certo.

E Mendanha, o que pretende? Não há nenhum caso de corrupção desde que Caiado assumiu e, de resto, recuperou a saúde fiscal do Estado e reorganizou a prestação de serviços públicos para a população. No momento, a propósito, o governador vive uma fase virtuosa, deslanchando com a distribuição de benefícios na área social, como o programa Mães de Goiás e a eliminação ou redução dos descontos previdenciários da maioria dos aposentados, e a entrega de obras como a restauração e pavimentação de rodovias, reforma de todas as escolas estaduais e investimentos expressivos para atender ao empresariado de pequeno porte.

O governador faz muito mais do que isso. Para os professores, concedeu bônus, aumentos salariais e vantagens nunca vistos antes na história. Os alunos recebem notebooks para auxiliar nos estudos, gratuitamente. As polícias civil e militar foram reequipadas e hoje são responsáveis pelo maior nível de segurança jamais alcançado pela população goiana.

Não é fácil para Mendanha se levantar contra essa realidade. Para começar, o prefeito não é um formulador ou um político que sabe pensar ou conceituar. Em dezenas de entrevistas e lives, até hoje, nunca disse uma palavra de novidade ou que trouxesse criatividade quanto a uma visão para o futuro de Goiás. Genericamente, diz que vai procurar o “povo” para ouvir e discutir ideias – o que não quer dizer grande coisa.

Se a eleição fosse hoje, Mendanha não teria como compor a sua chapa: faltam nomes para a vice e para a senatória. Ele diz que não, mas é certo que, mais cedo ou mais tarde, terá que recorrer ao PSDB do ex-governador Marconi Perillo para tentar dar algum corpo à sua candidatura, se realmente vier a existir. O problema é que Marconi, pela carga negativa que carrega depois de fartamente denunciado por corrupção, mais atrapalha do que ajuda.

Se não conseguir se mostrar viável, o prefeito aparecidense se isolará ainda mais e ficará mais solitário do que está no momento. Os desgastes vêm de todo lado. Até em Aparecida, onde mandava como um imperador, surgiram contestações, já que o seu vice, Vilmar Mariano, vem divergindo da sua liderança e dá sinais de que, se assumir com uma eventual renúncia do titular, não se comportará como um cordeirinho.