Vilmarzim: um vice que pensa por conta própria e não aceita cabresto
Se Mendanha renunciar ao mandato para disputar o governo e Vilmar Mariano assumir, quem vai mandar na prefeitura?
Da redação impressa
O maior erro político do prefeito Gustavo Mendanha em seus quase 5 anos de 1º e 2º mandatos em Aparecida foi a troca do seu vice Véter Martins (PSD) pelo então presidente da Câmara Vilmar Mariano, o Vilmarzim (MDB). Entenda-se: não se comparam aqui as qualidades pessoais de um e de outro, não é isso. O que pesa hoje para Mendanha é que Véter Martins era e continua sendo um político de comportamento discreto, que nunca divergiu em uma vírgula sequer do titular da prefeitura e assim teria permanecido caso tivesse sido confirmado para a chapa da reeleição. Dócil, enfim.
Com Vilmarzim, a história é outra. Vereador de dois mandatos (no intervalo, perdeu uma eleição), Vilmar Mariano estava na presidência da Câmara quando, para retaliar raivosamente o PSD pelo lançamento de Vanderlan Cardoso contra Maguito Vilela, do MDB, em Goiânia, foi chamado às pressas e na última hora para substituir Véter Martins. Antes, chegou a ser cogitado um pastor evangélico, Romeu Ivo, que não conseguiu a sustentação necessária para ocupar a vaga e desistiu.
Mendanha acabaria pagando caro. Vilmarzim tem um estilo pessoal que é raridade dentro da classe política em Aparecida: pensa com a própria cabeça e tem uma visão administrativa para Aparecida, nem sempre condizente com a de Mendanha, a quem ele, nos bastidores, critica por empoderar excessivamente o secretariado, correndo o risco de pagar por erros que não cometeu.
Detalhe importante: ele tem perfeita consciência de ser intocável como vice-prefeito, que é um mandato de 4 anos e não um cargo de confiança do qual poderia ser demitido a qualquer instante. Se Mendanha realmente tiver a coragem de renunciar para disputar o governo do Estado, é certo que teria em Vilmarzim um interlocutor do mesmo nível ou até menor e não um subalterno, a quem daria as ordens necessárias para manter o controle da máquina da prefeitura aparecidense.
Na posse, em janeiro passado, o vice mostrou a sua personalidade ao se recusar a discursar na solenidade na Câmara Municipal, depois de ter o seu nome anunciado como o próximo orador. Foi a forma que encontrou para protestar por não ser ouvido na montagem da equipe de auxiliares de Mendanha, que, em linhas gerais, apenas repetia o secretariado do 1º mandato. No embate em torno da antecipação da eleição para a presidência da Câmara, venceu a parada com facilidade. Ele tem consciência das fragilidades do prefeito e sabe manejar as armas que estão à sua disposição.