Aparecida

Motoristas de Aparecida relatam dificuldades para encher o tanque após nova alta no preço dos combustíveis pela Petrobras

Frentista afirma que há 1 ano e 7 meses não atende nenhum cliente pedindo para encher o tanque por causa das altas constantes de preço fala

Eduardo Marques

O novo aumento no preço da gasolina anunciado pela Petrobras (Petróleo Brasileiro) na última segunda-feira, 25, tem tirado o sono dos motoristas de Aparecida. Ontem, 26, os novos valores das distribuidoras já começaram a repassar os preços para os consumidores, irritando quem trabalha diretamente com o produto e não pode ficar sem.

No ano, o diesel já acumula alta de 65,3% nas refinarias. Já a gasolina subiu 73,4% no mesmo período. Frentista afirma que há 1 ano e 7 meses que não atende nenhum cliente pedindo para encher o tanque por causa das altas constantes de preço. O Diário de Aparecida percorreu na manhã desta terça-feira, 26, alguns postos de combustíveis do município e ouviu as reclamações.

José Carlos Carvalho de Souza, 42 anos, trabalha em uma empresa de paisagismo. Ele já tinha substituído o uso do carro por uma moto e foi abastecer o carro na Avenida Bela Vista, no Parque Trindade, onde o reajuste de R$ 0,20 centavos já foi aplicado para a gasolina e R$ 0,29 centavos para o diesel. Ele conta que não está conseguindo mais completar o tanque do carro há cerca de um ano. Por conta disso, os passeios com a família diminuíram, optando por programações mais baratas. Segundo o supervisor de paisagismo, o valor que ele gastava para abastecer a moto por semana para trabalhar praticamente dobrou desde o início do ano.

“Eu moro no Parque Trindade, em Aparecida, e trabalho no Setor Bueno, em Goiânia. Fazer esse trajeto todos os dias de carro estava pesando muito no bolso, até porque ele gasta mais. Tem mais de ano que não consigo encher o tanque completo do veículo. Para conseguir, tive que substituir pela minha moto, que fica mais em conta. Antes da pandemia eu ia muito ao shopping, demos um tempo por conta da doença e agora que os comércios estão reabrindo eu não estou podendo ir devido os valores da gasolina. Meu passeio agora é parque”, desabafa.

O colega de trabalho dele, o pulverizador Sérgio Gomes dos Santos, 35 anos, também foi ao mesmo posto e legou galões para abastecer a máquina de cortar as plantas. “Fora o combustível no veículo, temos a roçadeira também para levar combustível ao pessoal trabalhar”, disse o rapaz. Segundo ele, quem contrata um serviço de jardinagem não entende por que ficou mais caro. Mas o transporte está em tudo.

O José Júnior, 29 anos, sofre diretamente porque é motorista de aplicativo. E indiretamente porque perdeu renda e está pagando mais caro também pela água, a luz, a comida e tudo mais. “Para gente que trabalha na rua todos os dias, a gente tinha um valor que colocava, no mínimo de 80, 70 reais. Hoje eu estou colocando, para trabalhar, R$ 140”, reclama.

Frentista de um posto no Setor Santa Luzia há dois anos, Carlos Henrique da Silva Rodrigues, 25 anos, afirma que já está há 1 ano e sete meses sem nenhum cliente pedir para encher o tanque no posto onde ele trabalha. “Hoje em dia ninguém espera o tanque esvaziar total para depois encher. O pessoal coloca pouca quantia. É normal os motoristas abastecer de R$ 20 e R$ 40 por vez. Desde o começo da pandemia. Porque o mercado está muito alto, o combustível muito alto, então tem que reservar aquele dinheirinho pra cada coisa, né?”, disse.

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