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Divergências com Vilmarzim podem obrigar Mendanha a jogar a toalha

Prefeito nunca se deu bem com vice que se assumir pode se aproximar de Caiado e Daniel Vilela

A eleição antecipada para a presidência da Câmara Municipal, que acabou dando ao vereador André Fortaleza mais um mandato no seu comando, não foi o único fator de discórdia, até agora, entre o prefeito Gustavo Mendanha (sem partido) e o seu vice Vilmar Mariano, o Vilmarzim (MDB).

Desde a posse, os dois acumularam desentendimentos. Vilmarzim se ressente de não ter tido a menor influência na formação do secretariado municipal. E de ser “perseguido” por alguns auxiliares da confiança estrita de Mendanha, como titular da pasta da Articulação Política Tatá Teixeira e o secretário de Fazenda André Rosa – os dois verdadeiros braços operacionais do prefeito, uma na área política e outro quanto a decisões administrativas.

No caso da eleição antecipada para a presidência da Câmara, Vilmarzim tinha preferência pela realização do pleito na data prevista, ou seja, em dezembro de 2023, quando ele, como vice, pode estar no cargo de prefeito, caso Mendanha tenha mesmo a coragem de renunciar ao mandato para assumir a sua candidatura governamental.

O prefeito até que tentou contornar a crise, ciente de que um racha na sua base, em especial com o próprio vice, teria péssima repercussão no seu projeto eleitoral, ao desenhar a imagem de um político que não consegue resolver os problemas dentro do seu próprio terreiro. Pediu ao presidente André Fortaleza um adiamento para janeiro de 2022, a fim de acalmar Vilmarzim.

Mas o secretário Tatá Teixeira interveio, convenceu Mendanha de que se tratava de um passo importante para garantir o futuro do seu grupo político e que o melhor era resolver agora sobre quem seria o próximo presidente do Legislativo aparecidense.

Vilmarzim lutou com unhas e dentes, mas não conseguiu impedir a reeleição de Fortaleza. Chegou até a lançar um candidato, o vereador Aldivo Araújo, do MDB, que saiu do episódio agastado com a derrota e falando horrores do alto comando da Cidade Administrativa.

Antes disso, Vilmarzim já havia protagonizado um momento de constrangimento, também na Câmara, por ocasião da solenidade de posse de Mendanha no 2º mandato: ele recusou-se a falar, apesar de ter tido o nome anunciado pelo mestre de cerimônias. O motivo teria sido a rejeição das sugestões que apresentou para o novo secretariado, que, aliás, foi convocado para uma primeira reunião sem a presença do vice.

Hoje, nos bastidores da política aparecidense, especula-se sobre a possibilidade de Vilmar, se substituir Mendanha, dar uma guinada na prefeitura para se aproximar do governador Ronaldo Caiado e do presidente estadual do MDB Daniel Vilela. Ele, é bom lembrar, é emedebista histórico e não quis acompanhar Mendanha na desfiliação anunciada há pouco tempo.

Sem a garantia de que manterá algum controle sobre a prefeitura, se vier a renunciar para disputar o governo do Estado, Mendanha pode simplesmente desistir da ideia e jogar a toalha. E, de fato, o patrimônio político representado pelo controle de um dos maiores orçamentos do Estado não é desprezível. Acresça-se a isso um monumental cabide de empregos, onde está pendurada toda a classe política de Aparecida, assegurando ao prefeito poderes para mandar e desmandar à vontade, sem contestações.

Vilmarzim já espalhou pelos quatro cantos de Aparecida que, se assumir um dia, vai demitir nas primeiras 24 horas os secretários Tatá Teixeira e André Rosa, além de outros. Se chegar lá e se realmente tomar essa decisão, a estrutura dorsal que sustenta os interesses de Mendanha na prefeitura estará definitivamente quebrada.

Vale lembrar: o prefeito é um político de proveta, que nunca atuou fora das benesses do poder. Nunca esteve na oposição, não tem experiência como articulador e acredita piamente na preponderância das redes sociais sobre as fórmulas políticas tradicionais, tendo atuado até hoje apenas nos limites de Aparecida, manipulando a folha de pagamento para resolver todas as suas pendências na área.

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