Mendanha quer impedir as críticas do Diário de Aparecida à sua gestão
Prefeito entra com ação listando reportagens que o desagradaram e que ele não aceita ver publicadas
O prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha recorreu ao Poder Judiciário para tentar impedir o Diário de Aparecida de publicar críticas à sua gestão. Com toda a classe política do município no bolso, graças à folha de pagamento da prefeitura, o DA é o único instrumento independente em relação à prefeitura, em Aparecida, em condições de formular avaliações e análises sobre as políticas públicas tocadas pela administração de Mendanha.
Em uma petição de 15 páginas, o prefeito enumera uma série de reportagens com as quais se sentiu incomodado. Ele reclama, por exemplo, da matéria que mostrou que todos os vereadores da Legislatura passada que não foram reeleitos receberam compensação através de cargos comissionados, com salários entre R$ 8 e 9 mil reais.
Os dados apresentados pela reportagem, como ocorre sempre que o assunto é a prefeitura aparecidense, foram checados no Portal de Transparência na internet – apesar de todas as dificuldades que o site oferece para quem deseja consultar dados sobre a administração de Mendanha.
Na ação que propôs para censurar o Diário de Aparecida, o prefeito aponta também o caderno especial publicado por ocasião do 99º aniversário de Aparecida. Ele não gostou. Especificamente, citou o resumo publicado na 1ª página, onde se diz que “Aparecida vai completar 100 anos sofrendo com problemas que já deveriam ter sido resolvidos, mas que continuam a afligir os seus mais de 600 mil habitantes. Fim da atração de empresas, bairros sem infraestrutura, crianças sem escola e – o pior de tudo – a fome são os problemas cuja permanência compromete a qualidade de vida no 2° município mais populoso de Goiás. Economia em Crise. A Fome Voltou. Crianças sem Escola. Prefeitura Paralisada”, transcreveu o advogado do prefeito na petição.
Outra matéria que irritou Mendanha, segundo a petição: “Gestão abandonada: em horário de expediente, Mendanha viaja para fazer política nos municípios”. A criação de empregos em Aparecida, que entrou em marcha à ré nos últimos meses e resultou, em setembro último, em números negativos (mais de 500 vagas de trabalho desapareceram), também é alvo de reclamação.
Especificamente, o prefeito cita a reportagem “Mendanha manipula dados para afirmar que Aparecida é a que gera mais empregos”. No texto, o Diário de Aparecida usa trechos das próprias redes sociais de Mendanha para mostrar que, “apesar do prefeito afirmar nos seus perfis que Aparecida é a cidade que mais gera empregos em Goiás, isso não é verdade. Goiânia, segundo o Caged, órgão do Ministério do Trabalho, cria vagas de trabalho quatro vezes mais que Aparecida. O prefeito só dá essa informação no fim do texto, para confundir quem lê”.
São inúmeras as reportagens de que Mendanha reclama. Em especial, chamam a atenção aquelas que mencionam as promessas que fez nas suas duas campanhas e até hoje não cumpriu. O DA pesquisou diretamente nos planos de governo registrados pelo candidato na Justiça Eleitoral e constatou que quase nada foi levado adiante. Mesmo assim, o prefeito não aceita afirmações como essa: “Banco de Alimentos: promessa esquecida por Mendanha após reeleição reduziria a fome no município”.
Quanto a esse assunto, uma outra matéria também provocou a ira do prefeito: “Off na Prefeitura, On na Internet. Sem aparecer no gabinete, Mendanha passa os dias postando nas redes sociais. Incansável nas redes sociais, Gustavo Mendanha não parou de postar nem mesmo enquanto esteve no hospital ou durante o enterro do pai. Com quase quatro meses de 2° mandato, prefeito continua sem dar um passo para cumprir as promessas de campanha. 100 dias iniciais em branco”.
- Liberdade de imprensa é garantida pela Constituição Federal
No Brasil, a liberdade de expressão e especificamente a liberdade de imprensa é garantida pela Constituição Federal, que proíbe expressamente a censura aos meios de comunicação de qualquer natureza. A tentativa do prefeito Gustavo Mendanha de impedir as críticas do Diário de Aparecida, assim, afronta o texto constitucional e revela o seu caráter autoritário e ditatorial, aliás muito adequado para quem se acostumou à falta de oposição – em Aparecida, toda a classe política, sem exceção, foi cooptada pelo prefeito através do maior cabide de empregos dentre todos os municípios de Goiás, em que estão pendurados presidentes de partidos, ex-vereadores, suplentes, indicados dos 25 vereadores e toda e qualquer liderança de expressão ainda que mínima, além de pastores de quase todas as igrejas evangélic