Mendanha tentou fazer promoção pessoal com velório de Iris Rezende, acusa vereador
Testemunhas negam que prefeito de Aparecida foi impedido de entrar no Palácio das Esmeraldas; nas redes sociais, estória foi desmentida por quem estava lá
A suposta confusão provocada pelo grupo que assessora Gustavo Mendanha no velório de Iris Rezende chegou à Câmara Municipal de Goiânia. O vereador Santana Gomes (PRTB) acusou o prefeito de Aparecida de fazer “política pequena”. O gestor ainda não se manifestou oficialmente sobre o episódio, nem para desmentir que tenha sido impedido de entrar nem para comprovar a estória de que teria sido “perseguido” no velório.
Nos grupos de WhatsApp o caso foi tratado como fake news e armação para que o prefeito, que é desconhecido no Estado, consiga visibilidade para disputar a eleição ao Governo de Goiás.
O deputado estadual Maycllyn Carreiro, de Morrinhos, disse que estava do lado do prefeito no momento: “Foi um verdadeiro teatro. Existiam duas entradas naquele afunilamento. Tinha entrada do lado esquerdo, por onde ele entrou. E do lado direito, por onde entrei. Bem, e cada um que chegava…o responsável que estava na entrada virava e dizia: fulano chegou. Então o superior liberava. E isso foi feito comigo, com o prefeito Rogério Cruz, que estava na frente, com todo mundo que chegava, pois a prioridade naquele momento era a família do Iris”.
A resposta mais dura foi dada pelo vereador Santana Gomes, em um pronunciamento contundente no plenário, que denunciou uma “armação para divulgação nas redes sociais”.
Para ele, o desrespeito à memória de Iris maculou a solenidade: “Nós temos que respeitar o Iris. Eu vi que foi lá para fazer política. Esse rapaz lá de Aparecida caiu na minha opinião. Levou o pessoal para filmar, fez um showzinho e pôs na rede social. Ele não foi lá ver o Iris não. Ele não tá nem aí. Foi fazer política. Eu fui barrado na entrada. Qual o problema? Aliás, já fui em vários velórios com Iris e ele mesmo barrado, porque é a família que decide. A pobreza da política são homens igual esse rapaz aí. Esse é o problema de político e rede social. Tudo para ele é rede social. Esse Gustavo não está preparado para ser governador. A política dele é pequena, muito pequena. Usar da morte do maior líder desse estado para fazer política pequena! Gustavo, você não merece meu respeito! E não merece respeito do Iris, pois ele jamais deixaria filmá-lo para depois se fazer de vítima”, disse Santana, que já foi deputado estadual.
Familiares de Iris Rezende não quiseram se manifestar sobre o episódio, mas iristas e políticos ligados ao ex-governador, afirmaram que a polêmica desagradou a família e foi considerada desnecessária e “nítida armação eleitoral”.
O ex-governador Marconi Perillo, em suas redes sociais, correu para se “solidarizar” com Mendanha. O próprio prefeito, no entanto, não disse uma palavra sobre a sua participação no velório de Iris.
Não é a primeira vez que Mendanha recorre à exploração política de pessoas falecidas. Ele promoveu um festival de postagens por ocasião da morte do próprio pai, o ex-deputado Léo Mendanha, publicando fotos no Instagram em que aparecia chorando copiosamente, em cenas produzidas pelos cinegrafistas que sempre o acompanham.
Antes, havia publicado fotos de Léo Mendanha acamado e depauperado no hospital, no período em que se tratava da Covid-19 que o vitimou. Ele mesmo, Mendanha, também hospitalizado em duas ocasiões, uma para tratar de uma trombose e outra pelo coronavírus, também lotou os seus perfis com fotos no leito e expressões sofridas.