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Arquiteta dá dicas para reformas econômicas

Mesmo com orçamento enxuto, é possível trazer um novo ar para o imóvel, diz a arquiteta da Norden Arquitetura, Karla Patrícia, que acaba de reformar um casarão de 450 metros quadrados com esse desafio

As reformas ganharam impulso após a pandemia mas, com a alta do material de construção, é preciso criatividade para conseguir fazer a repaginação do imóvel. Para se ter uma ideia, de janeiro a setembro deste ano, o Índice Nacional da Construção Civil (INCC DI), medido pelo Instituto de Economia da Fundação Getúlio Vargas ( FGV/IBRE), acumula alta de 11,74%.

Nesse contexto, os arquitetos têm sido desafiados a fazer mais com menos. Foi essa a demanda que a arquiteta Karla Patrícia, do escritório Norden Arquitetura, recebeu da empresária Júlia Galvão, que alugou um casarão com 38 anos e 450 m²  para abrigar sua empresa, a Ambrô,  um e-commerce de vestuário feminino. Karla teve um orçamento de R$ 60 mil para fazer todo o retrofit.

O orçamento dava uma média de R$ 133 por metro quadrado, o que era limitado comparando-se ao orçamento de obras similares, que custam a partir de R$ 2000 o metro quadrado. Mas, ainda assim, diz Karla, foi possível realizar uma reforma  o imóvel para deixar o imóvel mais charmoso e no estilo desejado pelos seus usuários.

No caso da Ambrô, a ênfase foi passar a ideia de aconchego, um valor da marca. “Mesmo sendo uma loja virtual e o espaço ser apenas um ponto de retirada, a Júlia consegue transmitir muito afeto na comunicação com seus clientes através das redes sociais, sempre com muita simplicidade e acolhimento. Sua marca consegue trazer roupas muito bonitas com preço acessível ao público feminino e, na arquitetura, tentamos reproduzir isso também”, conta Karla Patrícia.

Ela explica que o desafio foi fazer uma  intervenção rápida e econômica sem abrir mão da segurança. Toda a parte elétrica precisou ser atualizada, para dar condições ao imóvel de suportar a demanda de energia – que é diferente de algumas décadas atrás, além de recuperar rebocos que tinham infiltrações. Além disso, era preciso adequar o imóvel ao programa de necessidades. “Essa parte acabou custando mais de um terço do nosso orçamento, mas ainda assim seguimos rumo ao objetivo”, conta Karla, que aponta algumas dicas para quem está reformando, usando essa experiência como exemplo:

1 –   De olho nas promoções – A primeira regra, ensina Karla, é manter tudo o que se tem em bom estado no imóvel, ir atrás das promoções das grandes lojas de materiais de construção e fugir de acabamentos caros.  “A Júlia aproveitou promoções de pendentes e outros objetos, ela ia me ligando e mandando fotos daquilo que gostava para a gente avaliar se fazia sentido para o projeto. Assim, a gente conseguiu adaptar muitas boas ideias com um custo menor”, conta.

2 – Pintura ao invés de textura ou troca do piso – Ao invés de textura na parte externa, a arquiteta optou por fazer a pintura. “A combinação de cores pode trazer um charme especial ao espaço e ficar bonito”, indica. As janelas e portas do casarão receberam o tom verde claro,  que trouxe um ar bucólico para o imóvel, complementado pelo paisagismo na área externa. No piso da área externa, havia uma cerâmica mais antiga e com rachaduras, e a solução encontrada foi a pintura com tinta epóxi, bem mais econômico do que fazer a troca. “Assim, também evitamos  mais tempo de obra, pois a mudança precisava ser feita em menos de 30 dias”.

3 – Iluminação natural é medida de economia – Outra solução criativa adotada no projeto foi o máximo aproveitamento da luz natural. “Em todos os ambientes da casa usamos cores bem claras nas paredes e no teto, para aproveitarmos a iluminação natural. “Também lançamos mão de luminárias de trabalho lineares de led, assim economizamos nas peças, mantivemos o fluxo luminoso necessário e ainda geramos uma economia futura de energia”, explica Karla.

4 – Eleja prioridades – Se a verba é pouca para se fazer tudo o que deseja, faça escolhas. No caso da Ambrô, era preciso aplicar um capricho especial na sala onde as clientes são recebidas para a retirada. “Ali também é um dos lugares que a Júlia grava, então a gente precisava investir mais em cenografia”, conta Karla. Dada a relevância, o ambiente recebeu textura grega nas paredes, um trabalho artesanal de pedraria aplicada no piso. “Na decoração, peneiras, sousplats e cestos de palha foram fixadas no teto para compor a ambientação, pois são materiais naturais que remetem à afetividade e, ao mesmo tempo, tem um custo bem em conta”, diz Karla. Uma cadeira balanço traz um toque especial ao espaço.

Resultado
Com a predominância do tom verde, o novo projeto visual  da casa, segundo a empresária Júlia Galvão, ficou alinhado à nova fase da marca, mais amadurecida, e o imóvel ficou com a cara da Ambrô. “Desde que vi o casarão pela primeira vez, ele me remeteu ao sentimento de acolhimento, algo que sempre destacamos na nossa forma de trabalhar”, ressalta Júlia.

Com 450 m², é bem maior do que os 90 metros quadrados da antiga sede, mas o imóvel continuará sendo apenas um ponto de retirada de mercadorias. A fundadora da marca, Julia Galvão, revela que o negócio cresce exponencialmente desde 2019, mesmo durante a pandemia. “Com esse aumento da demanda, precisamos deixar a atual sala que ocupamos na Av.Mutirão, no Setor Bueno, para irmos para um espaço maior”, destaca Julia. Além de roupas e acessórios, a Ambrô também trabalha com vários itens para casa e decoração. Segundo a empresária, o espaço maior para abrigar a marca também tem um outro motivo importante para o negócio. Ano que vem, ela  planeja realizar no local alguns cursos e mentorias  voltados para empreendedores da moda. “Já faço esse trabalho de educação empresarial de forma online há algum tempo, mas agora com esse espaço bem maior, vamos poder oferecer experiências presenciais para esses alunos, e agregar ainda mais na sua formação como empreendedor”, explica.

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