Agro é pop, mas imagem do Brasil no exterior prejudica o país
Em evento de lançamento do CEBRI, especialistas e diplomata apontaram os desafios enfrentados pelo Brasil e as oportunidades no mercado para o agro brasileiro no mundo
Em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), a Fundação Alexandre Gusmão (FUNAG) e o Insper Agro Global lançaram nesta quinta-feira (18), o livro “O Brasil no Agro Global: Reflexões sobre a inserção do agronegócio brasileiro nas principais macrorregiões do planeta”. A publicação apresenta em 9 capítulos textos de 34 autores que trabalham na promoção do agronegócio brasileiro no exterior. O livro é resultado do curso de Educação Executiva “O Brasil no Agronegócio Global”. O evento foi transmitido pelo CEBRIonline e teve mediação da Diretora-Presidente do think tank, Julia Dias Leite.
Marcos Jank, Conselheiro Consultivo Internacional do CEBRI e coordenador do Insper Agro Global, ressaltou a importância de melhor capacitação para diplomatas do Itamaraty e de funcionários públicos para tornar o Brasil mais competitivo e menos dependente de alguns mercados como a China. “O livro é resultado de curso que o Insper e a FUNAG criaram em 2019 e já formou mais de 130 diplomatas e funcionários públicos”, disse.
Dentre os desafios mapeados, a imagem do Brasil lá fora foi apontada como o principal obstáculo para expansão e diversificação da pauta exportadora brasileira. “É um problema gravíssimo de comunicação e imagem do Brasil lá fora. A questão ambiental, sanitária e geopolítica é cada vez mais importante”, frisou Jank.
A relação de dependência com a China, que responde por 35% das exportações brasileiras totalizando US$ 115 bilhões, também precisa melhorar. “O Brasil precisa se estabelecer como fornecedor regular, confiável e de mais longo prazo em relação à China. A relação hoje é oportunista. Já se vão 2 meses de bloqueio à carne brasileira e ficar falando mal da China também não ajuda”, pontuou Jank.
Participante da 1ª edição do curso, Márcio Rodrigues, gerente de Agronegócios na Apex-Brasil, colaborou com o capítulo sobre a China. Ele ressaltou a experiência dos profissionais envolvidos no projeto. “As experiências dos vários profissionais que atuaram na China geraram um conteúdo de muita qualidade. ”
O agro brasileiro está presente em todas as regiões do mundo, sendo hoje um dos maiores exportadores globais. Jank destacou a Ásia e a África como grandes oportunidades para ampliar o mercado. Ele chamou a atenção para a questão ambiental como um importante desafio para o agro brasileiro “A gente tem que trabalhar com muita atenção porque isso pode prejudicar nossa inserção internacional”.
Para o Alexandre Peña Ghisleni, Ministro e diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do Ministério das Relações Exteriores, o principal desafio brasileiro é a crise de imagem no exterior. “Não adianta ter acesso ao mercado, se você não tiver comprometimento com a imagem do país porque ela respinga no financeiro e no comercial. ”
José Alfredo Graça Lima, vice-presidente do Conselho Curador do CEBRI e Embaixador e ex-Chefe das Negociações Comerciais do Brasil mostra otimismo com o futuro e a expansão do agro brasileiro para outros mercados. “Vejo com muito otimismo a expansão por conta do aumento populacional na África e pela demanda chinesa, apesar da não obtenção de acordos comerciais. ”
O livro físico será lançado em dezembro. A versão digital já está disponível de forma gratuita no site.