Vereador que denunciou gastos de Mendanha com tortas e bolos é ameaçado de morte

Eduardo Marques

O vereador de Trindade Drº Edson Candido (PDT) registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na tarde desta quarta-feira, 24, por ameaças de morte. Segundo ele, a motivação seja em virtude de sua atividade parlamentar que desenvolve na Câmara Municipal, “já que atua muito em trabalhos de fiscalização no combate à corrupção”. Sem apontar suspeitos no relato policial, o político cita, contudo, o episódio da exibição da denúncia feita por ele dos contratos de compras de tortas, bolos e panificados realizados pela Secretaria Municipal de Assistência Social de Aparecida de Goiânia, que segundo ele foram “superfaturados”.

“Que a vítima relata que há aproximadamente dois meses fez um trabalho de fiscalização na Prefeitura de Aparecida de Goiânia, no qual ficou constatado uma compra de tortas com valores superfaturados feitos pela Secretaria de Assistência Social”, informa o relato da Polícia Civil (PC). Advogado, conhecido como Fiscal do Povo, Edson Candido, de 42 anos, apresenta um programa em uma emissora de TV na Capital, que exibe reportagens de fiscalização.

Segundo o BO, o parlamentar recebeu na manhã de quarta-feira, 24, uma série de mensagens no WhatsApp o ameaçando de morte. “VAI MORRER”, diz o texto enviado várias vezes de um celular com prefixo de Goiás e cujo número não atende às ligações nem responde às mensagens no aplicativo. O documento narra que as mensagens foram enviadas no dia anterior a denúncia. “No dia de ontem [terça-feira], por volta das 15h54, mensagens com ameaças de morte foram enviadas para o seu aparelho, via aplicativo WhatsApp, o qual estava com a sua assessoria. […] Que como o expediente de assessoria vai até às 14 horas, somente foi possível visualizar as mensagens no dia de hoje [quarta-feira]”, informa o BO.

Ao Diário de Aparecida, Edson Candido de Sousa, conhecido como Drº Edson, apesar de não apontar diretamente nomes suspeitos, acredita que as ameaças têm a ver com as atividades realizadas de “combate ao sistema corrupto”. “Já fiz matérias em Goiânia, em Aparecida de Goiânia, em Trindade, de acordo com o que nosso público nos pede”, pontua. De acordo com o vereador, o trabalho desenvolvido como advogado, vereador e comunicador é voltado ao combate à corrupção. “Quem vem me ameaçando ficou incomodado com nossas ações e é resultado de perseguições que venho sofrendo desde que passei a mostrar os problemas também na televisão”.

No BO, a vítima também relata um episódio que ocorreu durante uma cobertura jornalística para o programa que ele apresenta. De acordo com o comunicador, no dia 17 de novembro deste ano ele realizou uma reportagem em uma empresa de seguro veicular. Na ocasião, a vítima foi intimidada por uma funcionária da empresa denunciada, que disse chamar a Polícia Militar (PM). Após a finalização da reportagem, Edson Candido aguardou a chegada da PM no local. Após a chegada da polícia, uma pessoa se identificou como sócio da empresa e foi agressivo com os clientes que estavam reivindicando o pagamento de sinistro veicular. “Que após a equipe da vítima sair do local uma funcionária […] entrou em contato com uma das diretoras do programa e disse que […] tal fato não ficaria assim e que eles iriam atrás”, relata a PC.

Respostas

Por meio de nota, a Prefeitura de Trindade informou ao DA que tem por princípio e prática o respeito constitucional à divisão dos poderes que devem ser independentes, autônomos e harmônicos entre si. “Dessa forma, sempre se pautou pelo respeito ao poder fiscalizador da Câmara Municipal de Trindade, com a qual mantém parcerias institucionais, laços de cordialidade e uma relação de responsividade sempre que é necessário esclarecer qualquer ato ou projeto. Inclusive, é oportuno ressaltar que em diversas matérias do Executivo Municipal, contamos com o voto de aprovação do vereador Dr Edson. A Prefeitura também se manifesta em total repúdio a quaisquer ações de violência no âmbito das relações institucionais, onde deve prevalecer o debate de ideias e a Democracia”, frisou o comunicado.

A reportagem do DA entrou em contato também com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Aparecida de Goiânia, por e-mail, para saber se ela foi intimada a depor e o posicionamento do poder público municipal em relação a citação no BO, porém até o fechamento desta edição ela não havia se manifestado.