Jardim Eldorado: Moradores esperam pelo asfalto há mais de 30 anos
População local critica o fato de o setor só ganha visibilidade da prefeitura na época das eleições
O asfalto é o principal elemento de infraestrutura de um bairro. Depois que ele chega, a região consegue ser contemplada com maior facilidade com outras melhorias ou receber investimentos em prédios e atenção à saúde ou mesmo escolas. Os moradores do Jardim Eldorado, divisa com o Distrito Agroindustrial de Aparecida de Goiânia (Dimag), estão há pelo menos 30 anos cobrando da Prefeitura de Aparecida de Goiânia a chegada do asfalto no bairro, porém até hoje não obtiveram uma resposta satisfatória. O Diário de Aparecida visitou o bairro na última sexta-feira, 26, de manhã e encontrou ruas esburacadas, com lama e poeira.
Moradora há 29 anos, a aposentada Maria de Lourdes, de 65 anos, contou ao DA que a promessa de asfaltar as ruas do bairro ocorre em todo ano eleitoral e eles já estão cansados de serem desprezados pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia. “Eles só lembram de nós em ano eleitoral. Quando eles querem votos, vêm aqui todos os dias e prometem que vão asfaltar, mas até hoje nenhuma providência foi tomada. Cheguei aqui em 1992 e tudo isso aqui era mato. Parecia uma roça. A região em volta desenvolveu o Jardim Eldorado ficou parado no tempo. Queremos uma resposta urgente. Não suportamos mais”, desabafou.
Comerciante há 10 anos, Eduardo Milhomens, de 35 anos, afirmou que já perdeu vendas devido à falta de infraestrutura no bairro. “Estamos esquecidos pelo poder público municipal. Você vai percorrer pelo bairro aqui e vai ouvir a mesma coisa. A prefeitura só vem aqui prometer esse asfalto na época de eleição. Só promessa vazia, sem sustentação, moço. Minha clientela é mais local mesmo. O povo de outros bairros vizinhos [Expansul, Nova Olinda, Célia Maria, Jardim Repouso] me falaram que o meu jeito de vender e os produtos são satisfatórios, mas essa falta de asfalto atrapalha eles chegarem aqui e por isso desistem de virem”, criticou.
Exausta, a dona de casa Maria de Fátima, de 45 anos, pontuou que na seca a poeira é demais e eles sofrem com problemas respiratórios. Na chuva, a lama atrapalha a mobilidade e a casa não permanece limpa. “Aqui está um caos. A poeira levanta até quando passa bicicleta. Eu e meus filhos temos rinite, então naquela época a gente sobrevive por remédio. Agora no período chuvoso, de lama, nós ficamos ilhados. Para gente chegar em casa é um verdadeiro perigo, até a pé. Dias atrás mesmo eu quase escorreguei na porta de casa, por causa do lamaçal. Estamos esquecidos pela prefeitura do município. Prefeito, cadê o asfalto?”, questiona.
Um outro morador da região, Fabrício dos Santos, de 27 anos, tentava vencer a subida que era dificultada com tantos buracos e desníveis presentes na Avenida Caiapós, no Jardim Eldorado. Ele estava com uma bicicleta e não poupou críticas a atual situação do setor. Ele ainda afirma que a população da região vive um verdadeiro descaso e que os serviços paliativos não funcionam mais.
“Olha o tamanho desses buracos que se formaram com as últimas chuvas? Todo o ano é isso aqui. Eles colocam uma terra no tempo seco e a chuva vem e carrega tudo. Ainda mais aqui que é uma ladeira”, conta, ao apontar para a Avenida Caiapós.
Pelo tempo que o setor existe, Fabrício é categórico em dizer que o bairro já era para estar completamente asfaltado. “A gente paga impostos tão caros e o que a gente recebe? Areia! Isso é revoltante. Não queremos areia, queremos asfalto. Isso aqui é muito perigoso. Uma pessoa pode escorregar e se machucar aqui. Ou pode bater a cabeça numa dessas pedras que vêm da parte mais alta. Do jeito que tá, não dá mais!”, frisa.
Cansados de esperar
A cuidadora Marli Santos, de 37 anos, revela que espera há 26 anos pelo o asfalto no Jardim Eldorado, setor que ela mora desde os 11. Segundo ela, o setor só ganha visibilidade dos políticos na época das eleições. “Estamos totalmente abandonados. É na época da chuva e no sol. A rua está tomada por buracos e eu acredito que aqui só mexe nas próximas eleições”, reforça.
A mulher conta que o setor é bom para morar, mas aponta as dificuldades de viver sem asfalto. “Os meninos ficam doentes direto. Fora que aqui quando chove vira um verdadeiro rio. É problema atrás de problema. A casa não para limpa. Chega a dar raiva”, conta. Ela aponta que o asfalto é sinônimo de dignidade. “Quando você mora num setor estruturado, tudo fica melhor. Os impostos chegam na hora, mas a gente não vê o benefício chegar da mesma forma. Um lugar com boa estrutura dá dignidade para os moradores”, conta.
“Esperamos que a Prefeitura de Aparecida de Goiânia ouça essa reclamação dos moradores e que os serviços sejam realizados o quanto antes porque a situação coloca em risco a vida dos pedestres, uma vez que a situação pode causar acidentes, bem como causar prejuízos aos motoristas que têm os veículos danificados”, arrematou o lavrador João Batista, de 55 anos.
A reportagem entrou em contato, por e-mail, com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Aparecida de Goiânia para saber se há previsão para iniciar as obras de asfalto no Jardim Eldorado, porém, até o fechamento desta edição, ela não havia se manifestado. O espaço segue aberto para novas manifestações.