Editorial: Um município onde falta tudo
A Propaganda da prefeitura de Aparecida vende uma cidade que não existe, visando alavancar a carreira política do prefeito.
Propaganda da prefeitura de Aparecida veiculada em outros municípios usa o slogan “cidade inteligente” para sugerir que a gestão de Gustavo Mendanha tem um diferencial de modernidade em relação ao resto do Estado.
Piada pura. A “cidade inteligente” de Mendanha é um mito que não se sustenta na realidade de um centro urbano populoso cujos desafios em matéria de infraestrutura e de justiça social ainda estão longe de ter recebido uma resposta adequada.
Aparecida tem hoje quase 30 mil crianças sem vagas nas creches e, portanto, sem receber a necessária e indispensável Educação Infantil, responsabilidade que a Constituição Federal atribuiu às prefeituras. Há um número de bairros entre 40 e 60 – ninguém sabe ao certo – cujos moradores sofrem aflições com a falta de asfalto, assistindo à proliferação descontrolada dos matagais, das erosões e dos buracos nos trechos que já receberam a pavimentação. Famílias passam fome. Por conta de Mendanha, não há nenhum programa social instituído para dar amparo a esses segmentos vulneráveis da população, apesar da promessa que ele fez na campanha – e esqueceu – de implantar um Banco de Alimentos.
Essa, leitores, é a “cidade inteligente” de Mendanha, onde os recursos destinados ao Hospital Municipal são dilapidados pela corrupção. Não à toa, o HMAP tem sido alvo de operações de investigação desencadeadas pelas Polícias Federal e Civil, que determinaram o envolvimento de auxiliares graduados do prefeito, a exemplo do titular da pasta da Fazenda André Rosa, envolvido ele e a esposa Edlaine, segundo mais de um inquérito, em desvio de recursos na esfera do hospital.
Que “cidade inteligente” é essa? Uma farsa, nada mais. Talvez seja por isso que o Portal de Transparência da prefeitura, uma obrigação legal, mais tenha a finalidade de esconder que a de revelar informações sobre os atos do prefeito e da sua gestão. Mendanha não dá satisfação sobre o que faz e só quando obrigado é que presta contas sobre os seus gastos, como a recente viagem que fez à Europa, com custos por conta dos cofres do município ainda desconhecidos na sua exatidão.
A propaganda que tenta vender Aparecida como algo que não é, prejudica os aparecidenses, ao esconder os seus verdadeiros problemas e as suas reais necessidades. A prevalência dos aspectos técnicos sobre a política nas decisões do prefeito, a propósito, é um item fundamental. Em Aparecida, a folha de pagamento é comprometida em grande parte com a nomeação de aliados políticos para garantir apoio político para o chefe do Executivo. E alcançando um ponto extremo: praticamente todos os partidos e todos os 25 vereadores, em troca de cargos, são submissos a Gustavo Mendanha. Isso é politicagem e não tem nada de inteligente.