Fora do MDB, Mendanha conquistou apenas o apoio de dois partidos nanicos
Prefeito de Aparecida deixou o MDB para ser candidato a Governador de Goiás e garantiu apoio apenas do PTC e do DC
Da Redação
Exatamente 70 dias depois de anunciar a sua desfiliação do MDB, a 30 de setembro, com uma carta na qual admitiu inclusive retornar oportunamente à legenda, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha ainda não conseguiu um partido para bancar o seu projeto de se transformar em liderança estadual – e, muito pior, só tem como certo até agora o apoio de dois nanicos, os minúsculos PTC e o DC, que não dispõem de tempo na propaganda eleitoral pelo rádio e TV e não proporcionam acesso ao fundo eleitoral.
Desde que cruzou os umbrais para fora do MDB, Mendanha flertou com vários partidos, mas não conseguiu objetivar sua integração a nenhum. PL e Podemos foram os principais, mas hoje parecem longe do radar do prefeito aparecidense. Ele não cogita o PSDB, por temer as repercussões negativas dos escândalos que marcaram os governos dos tucanos Marconi Perillo e José Eliton.
O PP, outra hipótese avaliada por Mendanha, acabou descartado na medida em que o presidente estadual do partido Alexandre Baldy se reaproximou do governador Ronaldo Caiado, a ponto até de indicar um irmão (Joel Sant’Anna Braga) para o cargo de secretário estadual de Indústrias & Comércio.
Só resta agora, como alternativa de peso, o Republicanos. Mas não há tratativas entre o prefeito e o partido da Igreja Universal do Reino de Deus. E um obstáculo intransponível: disputando o governo do Estado e perdendo, Mendanha já anunciou que, em 2024, seguirá os passos do seu ex-“padrinho” Maguito Vilela e se candidatará a prefeito de Goiânia.
Assim, aceitando a filiação de Mendanha, o Republicanos poderia estar turbinando um futuro adversário da reeleição do prefeito Rogério Cruz, hoje prioridade para o partido já que se trata da principal e mais importante cidade brasileira sob o seu controle, ao lado de Vitória, capital do Espírito Santo.
Inexperiente na política, Mendanha cometeu o erro de antecipar definições que poderiam muito bem ficar mais para a frente e contribuir para deixar aberto o leque de partidos para a sua filiação. Ele tornou público, por exemplo, que não vai se posicionar dentro da polarização Lula-Jair Bolsonaro – o que afastou do seu espectro de possibilidades, de uma tacada só, o PL, por um lado, e todos os partidos de esquerda, por outro, inclusive o moderado PSB, que especulou, conforme disse o deputado federal Elias Vaz, sobre a possibilidade de dar apoio a Mendanha.
Esse erro de estratégia fechou as portas do PL, único partido de alguma expressão que se manifestou até o momento, através da deputada federal Magda Mofatto, a favor do prefeito de Aparecida. Porém, o PL passou a ser controlado nos Estados pelo presidente Jair Bolsonaro, que não abre mão de indicar candidatos 100% compromissados ideologicamente para governador e para senador. Mendanha, malvisto pelos bolsonaristas por ter secretários oriundos de partidos esquerdistas, ficou sem chão quanto a sigla.
E o Podemos? Nem pensar. O partido é controlado em Goiás pelo caiadista José Nelto, deputado federal que assumiu a coordenação estadual da candidatura presidencial do ex-juiz Sérgio Moro e está próximo de constituição uma federação com o União Brasil (partido que emergirá da fusão do DEM com o PSL e será dirigido em Goiás pelo governador Ronaldo Caiado).
Com pouco mais de dois meses mexendo o doce no caldeirão político onde flutuam os mais de 30 partidos que operam em Goiás, Mendanha só garantiu até agora o apoio de duas agremiações nanicas, o já mencionados PTC e DC, que não têm peso nenhum nas eleições e nem sequer contam com o básico em termos de tempo de propaganda no rádio e TV e de acesso ao acesso ao fundo partidário. Sendo candidato por qualquer um deles, o prefeito teria, por exemplo, apenas sete minutos no horário do TRE, suficientes talvez para dizer o nome e o número. É uma situação, portanto, desesperadora. E que caracteriza Mendanha como um amador em matéria de articulação política.